Nostalgia...
(Paulo Boblitz - mar/2009)
Dedicado a todos vocês amigos mais velhos; a todos vocês amigos mais novos, a pensarem tudo saber; e aos que tem a minha idade, ainda nem tanto e nem tão pouco...
Recebendo um arquivo intitulado Nostalgie, não pude evitar as minhas lembranças, essas mesmas que vocês também têm, cada um com as suas, tesouros bem guardados na alma, vida que se viveu de verdade...
A vida não deveria ser tão dura, embora eu tenha observado dedos grossos e calejados, mas sim cheia de mais vigor, naquele tempo sim, tudo de verdade, tudo feito a mão, com paciência e desvelo, feito para durar, feito principalmente para ser aprovado, não para o consumir...
Vendo os diaporamas, observei as expressões orgulhosas de cada um, nenhum com ouro em cordões, nenhum a ostentar bugigangas feitas na China...
Artífices..., a arte combinada com o ofício; Manufatureiros, dum velho Latim já esquecido, onde manu é mão, factu é feito...
Pessoas honradas e honestas, punham mais por puro prazer, construíam seus nomes com o suor, orgulhavam-se de cada profissão, este hoje já um vulgarizado termo, pois que no tempo mais antigo, significava o que o Latim queria dizer: professione - ato ou efeito de professar...
Mãos rudes que produziam o belo, o delicado, com paciência, pois que a vida era sentida e não corrida. A sociedade gozava de todos os valores, porque toda ela sabia de tudo, por não haver especialistas, estes mesmos que não sabem de nada...
Tudo era mais demorado, mas..., por que a razão de tanta pressa?
Eles já estavam!, essa é a resposta..., enquanto hoje em dia tentamos chegar, e não chegamos...
Fabricavam comidas com sabor, sem corantes, conservantes ou estabilizantes; construíam coisas com alma, alguns de séculos atrás ainda funcionando, e sem computador o cuco informava a hora aos badalos, mostrava as fases da Lua, num tiquetaque irrepreensível, de peças serrilhadas com extremada precisão, numa época em que toscas eram as ferramentas...
Dedos grossos, unhas sujas por baixo, produzindo filigranas dignas dos deuses. Como é que conseguiam?
Artífices... Por isso temos antiquários, onde tudo é muito caro, pois ali não encontramos descartáveis, filosofia destes nossos tempos dos botões...
A arte com ofício, por ofício, por vocação, a produzir com as mãos, dando personalidade a cada feito, pois não havia nenhum igual, mas sim parecido...
Ainda existem cantões onde a tradição é religião; só aqui, é coisa de velhos...
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