A Loucura

Quem de vocês já não fez uma loucura na vida?

Loucos são os que não fazem nada..., ou todos aqueles que já de tudo fizeram...

Para vocês, A Loucura

Fiquem loucos, reajam, mas não joguem pedras no povo..!



A Loucura
(Paulo Boblitz – abr/2005)


Louco é todo aquele que tem sempre uma visão diferente do que consideramos normal. Isso não quer dizer que sejamos loucos, na visão dos próprios loucos, afinal, eles nem ligam para nós...

O visionário é o louco que deu certo. O apaixonado faz loucuras em nome do amor. Os pais enlouquecem com os filhos, ainda mais se forem dos outros.

O verão produz loucuras nas pessoas; elas tiram as roupas e queimam-se ao sol. O outono deixa as árvores carecas, preparando o sono do inverno, para acordar em primavera, em explosão de cores, em perfumes para o amor, bebês para todos os lados, a vida em resplendor...

O gênio pode ter cara de louco, e às vezes, a loucura é genial. A abstração é a loucura passageira, para a coisa louca poder vingar e florescer...

A droga produz o mergulho louco nos desígnios da morte, e vez ou outra não há volta. A volta louca faz o cão em busca do rabo, em triste perseguição.

O homem é louco por natureza, e a Natureza fez o homem meio louco. Se não aceitamos a nossa própria loucura, às vezes admiramos as dos outros.

Ser louco requer coragem, e coragem demais é uma loucura. Só morre afogado quem sabe nadar, ou quem não sabe também, quando cai dentro d'água...

A loucura é a insana vertigem de quem vê diferente, ou de quem apenas vê onde ninguém nota nada. Se falar sozinho é doidice, então rezar é ser louco por Deus.

Fazer contas nos deixa loucos; entrar em filas e vê-las com furos, nos tira o discernimento; bater com a cabeça na parede..., também.

Rir sozinho é doidice? Não..!, é só mangação da memória.

E falar com os próprios botões? Também não...; aí só vemos circunspecção, só sentimos a alma em monólogo, interpretando as verdades do Pai.

A loucura é contagiante, pois faz todo mundo sorrir, dançar, se abraçar, cantar, gritar, amar...

A contemplação é o entusiasmo da alma, que fica em louco silêncio a mirar, e a aprender, a deduzir, a sentir o Pai Deus como É grande.

O amor é o coração em louca disparada, pelo par eqüidistante, alma gêmea segundo os poetas.

A vida é uma seqüência de loucuras altas, e de loucuras baixas... Nossa insanidade é indiretamente proporcional à idade, ou, em alguns casos, a idade é quem a traz.

Passamos a vida inteira como loucos, correndo atrás da vida, e nos consideramos sãos. Vai ver que são, é o louco..., que apenas vive, que cria seu próprio mundo, e nele entra com corpo e alma. As crianças são os loucos adultos, pequeninos. Fazem caretas e gesticulam, sonham com a Lua, dormem como anjos, e acordam feito capetas. Quem nunca foi doidinho na vida?

Somos doidos por comida, por dinheiro, por sexo e diversão. Organizamos para depois desorganizar. Juntamos para depois gastar. Não nos poupamos para depois viver... Sempre queremos mais...

Eu não sou doido..., vocês é que são... Ninguém conjuga na primeira pessoa do verbo...

Loucura..., todos deveriam tê-la, e parece que muita gente tem, pois ela é a mola do viver. Em seu nome, cometemos diversas maluquices, e o mundo não seria mundo, se todos fôssemos apenas normais. Seria uma chatice. Não haveria criação...

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