Trilha Tobias Barreto - Riachão do Dantas

O quê faz você acordar bem cedo,

num dia que de preguiça é tradição?

O quê faz você trabalhar dobrado,

ou triplicado,

daquilo que você não faz na semana?



Trilha Tobias Barreto - Riachão do Dantas
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Difícil..., nem muito e nem pouco, simplesmente difícil como são todas as trilhas, pois que se diferenciam dos passeios, por enfrentarmos obstáculos os mais variados. Dessa vez não foi diferente...

Mas antes de chegarmos em Tobias Barreto, passávamos em Riachão do Dantas, município onde terminaríamos a nossa trilha, em Tanque Novo, povoado de sua periferia.

Olhando o horizonte com cabeça erguida, lá estava a estátua do filho mais ilustre de Riachão do Dantas, dando as boas-vindas para os visitantes: o famoso bode Bito.

Bito um dia escapou da panela, por ter a fina qualidade de se socializar com todos; foi assim que conquistou os 20 mil corações da cidade, participando de missas, enterros (o que ele mais preferia), velórios, procissões e até dos desfiles comemorativos de 7 de Setembro, dia de nossa independência - um bicho humano...

Sentava nos bancos das praças e até parecia conversar com as pessoas; têm-se notícias que até lhe pediam opiniões. Não podia ouvir os sinos da igreja de Nossa Senhora do Amparo, que já lhe subia as escadarias, para ver o que estaria a acontecer.

Ninguém soube explicar até hoje, esse prazer que o Bito demonstrava em estar junto das pessoas. Nas comemorações ou cortejos, estava sempre à frente, como Autoridade, solene e compenetrado, nunca de lado ou atrás. Morreu de velho e hoje é História nos lábios de tanta gente que lhe sente as saudades. Criaram até a Festa do Bode em sua homenagem, ainda quando era vivo, quando participou de um documentário premiado em caráter nacional, quando 3 bandas de forró tocaram para ele.

Alguns atribuem como causa de sua morte, a velhice (estava com 18 anos), e outros, que teria morrido de tanto beber cachaça...

Chegamos na praça principal de Tobias Barreto por volta das 8 e meia da manhã de um domingo meio nublado. O dia prometia ser abafado...

Mais ou menos às 9 e dez, saíamos num passeio pela cidade, liderados pelo Marquinhos, nativo de Tobias Barreto, pegando ruas à esquerda, à direita, num ziguezague rápido, como pequenas eram as quelhas percorridas, sob os olhares curiosos de tanta gente simples a ver um domingo diferente. Em pouco tempo, estávamos de volta ao ponto de partida, de onde finalmente rumamos para o nosso intento...

Toda aquela região é de muitas pedras, soltas principalmente, quando elas conseguiram escapulir de suas prisões, um estradão prensado onde a poeira foi se gastando, ficando as carecas redondas de todas elas, a nos trepidarem o corpo...

O vento era de frente, implacável, embalado pela vertente daquela mancha no horizonte, a Serra da Jaca... Mais e mais a mancha crescia, tornando-se mais alta.

Em Jabiberi, finalmente aos pés da serra, um ponto de reunião, hora dos desgarrados se juntarem novamente aos linhas de frente. Precisei aliviar a bexiga, e o amigo não perdoou...

Ali nos despedimos do carro de apoio, pois por onde subiríamos, só sobem mulas e cavalos, jegues e cabritos, e nós com nossas magrinhas, rangendo, estalando, bufando, faiscando pequenas pedras com nossos pneus bem cheios...

Partimos novamente a levantar poeira, como se fôssemos um bando de boiadeiros a tocar a manada, o que de certa forma aconteceu mais adiante, quando produzimos o desgarrar de algumas rezes, obrigando o peão a apertar o passo em seu cavalo...

Foi uma subida e tanto, grande parte a pé, empurrando as magrinhas ladeira acima, sem perdão, sem vento contra, sem muita conversa, pois Dona Gravidade aliada com Dona Pedreira, apenas sorriam com nossos suores...

Num trecho em que pude montar novamente, descobri o Gilton agachado escondido numa sombra, a flagrar a tantos, línguas de fora, frontes pingando - estava ele a me sorrir com aquele sorriso matreiro..., o mesmo quando me fotografou em alívio...

No povoado de Forras, nos encontramos novamente com o carro de apoio, onde comemos bananas, maçãs, laranjas e nos reabastecemos com água.

Perto daquilo que achávamos o pico, numa grande pedra redonda posamos, onde a bandeira d'Os Zuandeiros hasteada, foi devidamente fotografada. Uma breve descida e mais uma longa subida, até atingirmos os 469 metros de altitude, em Colônia Boqueirão - Agora seria só moleza..., mas nem tanto, pois que ainda existiam muitas subidas.

Enquanto distribuíam as cestas de alimentos em Colônia Boqueirão, segui me adiantando ladeira abaixo. O céu agora estava ranzinza; havia aumentado o vento contra e ribombava seus canhões, anunciando que faria muita água despejar...

Em Bonfim, nova parada já debaixo de chuva leve, onde se decidiu que não iríamos até a cachoeira, pela hora avançada, e pelo jeito feio que nos disseram estar, fim do Verão com pouca água.

Faltavam ainda 10 km, 6 ainda subindo, e os outros 4 em debandada, 130 metros rolando abaixo, bunda atrás da sela, Anjo da Guarda preocupado...

Em Tanque Novo a meninada nos fez a festa, tão felizes como todos nós, onde até o céu também comemorou, abrindo as comportas sem moderação... Nosso banho foi de bica, geladíssimo a escorrer de um telhado, onde toda a lama ali mesmo foi deixada...; eram quase 3 da tarde...

Embarcamos as bicicletas, nos aquietamos no ônibus do Caldas e partimos para Lagarto, terra dos papa-jacas, onde almoçamos por volta das 4 da tarde, a comida mais deliciosa do mundo, que mesmo que viesse com pedras moídas, a fome perdoaria e daria os parabéns...

Havíamos vencido quase 650 metros de subidas no acumulado; estava de bom tamanho para um dia só...

Como bem escreveu o amigo Omar, nessa trilha tivemos de tudo: sol, chuva, poeira, lama, subidas íngremes, descidas acentuadas, estradão de piçarra, de paralelepípedo, de areia fofa, pau, pedra, costela de vaca, caminho estreito, dente quebrado, Barriga cansado, pneu furado, carniça fedendo, lamentações, banho no rio Buri etc.; só não teve desistência...

Foram 49 ciclistas das cidades de Aracaju, Lagarto e Tobias Barreto, nenhum a recorrer ao carro de apoio.

Agora era chegar em casa, procurar o ninho e descansar, não sem antes guardar a magrinha, avisá-la do dia seguinte, encontro marcado com o Salão de Beleza, onde ela tomaria um bom banho, receberia óleos tonificantes, regulagens para uma longa vida...

* * *

Medos da bicicleta

Quantas vezes já dissemos que não gostamos,

sem nunca termos experimentado..?

Quantas vezes já deixamos de fazer,

apenas porque não tentamos..?

Quantas vezes, nossos medos,

já nos disseram o quê fazer..?

Se tenho a vontade, é porque quero...



Medos da bicicleta
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Quantas pessoas já me disseram que morrem de vontade de comprar uma bicicleta? Quantas já não me afirmaram que estariam comprando?

Muitas, posso lhes afirmar...

No entanto, o tempo passa e não vejo nenhuma delas pedalando. Talvez o culpado seja eu, por sempre recomendar a compra de um bom equipamento...

Assim, vamos simplificar um pouco:

Se você pretende apenas se mexer, qualquer bicicleta que tenha uma sela, um guidão, duas rodas e pedivelas que fazem girar uma corrente, sem esquecer dos freios, servirá para os passeios noturnos ou aos domingos pelos parques.

Assim, qualquer investimento na ordem dos R$ 400,00, já é um bom começo.

Se você sonha em ganhar a estrada, liberto como um passarinho, aí a coisa já complica, pois você há de convir que enfrentará poeira, areia, água, lama, sem contar com os buracos ou lombadas.

Assim, qualquer investimento a partir dos R$ 1.200,00, também será, não digo tão bom, mas um começo...

Nosso medo principal se relaciona com o bolso, pois intimamente possuímos aquela confiança que nos diz que conseguiríamos, se treinamento tivéssemos. Isso é verdade...

Seja lá quanto for o tamanho do dinheiro que você usar, você estará usando consigo, principalmente na boa saúde sem remédios. Para os que gostam da expressão "custo x benefício", a "taxa de retorno" é quase imediata.

Há sempre uma pontinha do temor de não se gostar do pedalar, e aí o ter de se encostar aquilo que se pagou com o próprio sangue.

Com toda a certeza, posso lhes garantir que esse medo é infundado. Tudo irá depender da primeira experiência, portanto, muito bom senso para você.

Primeira vez? Lembre-se que você não é mais aquela criança, nem sua bicicleta é tão pesada e simples como eram todas as do passado. Mesmo assim, você deve "recomeçar" com um pedal bem leve, não muito longo, de preferência com amigos pacientes ao redor, a lhe darem confiança e palavras de incentivo, pois o cansaço e a dor no bumbum, são líquidos e certos...

Deixe para ir incrementando seus passeios, conforme for ganhando condicionamento, e ele vem rápido, acredite, pois nosso corpo responde numa velocidade impressionante, "diretamente proporcional" à nossa alegria... - estaremos sempre prontos para o próximo.

Se você esquece, por ser muito otimista, desses anos todos sem pedalar, e já começa "para valer", pois que você já pedalou quando era jovem, prepare-se para a decepção, pois uma coisa é a memória, outra coisa é o sentimento, e é exatamente este último quem prevalecerá quando você estiver "moído", ou "moída", no meio de um passeio mais pesado, fazendo com que você encoste a magrinha.

Esta é a principal razão da grande maioria de bicicletas "encostadas" por aí, quando um mau começo deve ter acontecido.

Acredite em mim: pegue sua boa amiga, dê-lhe um bom trato, lubrifique-a, regule os freios, e novamente experimente essa sensação que é deliciosa, andar por aí sem pára-brisa, mas, pedal leve e com alguém acompanhando...

Os outros medos são secundários... Andando em grupos, você não sofre nenhuma abordagem, nem irá precisar de cadeados, uma grande bobagem que todo mundo compra e que não protege nada, pois são resistentes apenas às nossas mãos nuas, mas aos alicates profissionais, é como cortar a manteiga...

Se o grupo mora longe, o mais correto é pendurar a bicicleta no carro e se dirigir para o ponto de encontro, sempre um local freqüentado, pois o predador, como qualquer um na Natureza, sempre escolhe a vítima desgarrada. Um Grupo também é responsável pelas conversas, pelas sempre boas risadas, pelo positivismo, pelo socorro, enfim, por tudo aquilo que sozinhos, não conseguimos...

Reflitam e descubram, que esse medo principal, o do bolso, não é assim tão feio, pois que ainda existem os parcelamentos. Não se esqueçam do capacete, das luvas, de uma roupa apropriada, e se protejam do Sol...

Prometo que sempre estaremos ali na 13 de Julho, à noite, a partir das 7 e meia, aguardando cada um de vocês.

É chegar, dizer que quer pedalar, montar e partir, não sem antes verificar onde está se metendo, pois você, de repente, pode se ver subindo ladeiras, ou no meio de gente às carreiras, e depois irá querer me encontrar para me encher de pancada, me dizer poucas e boas...

É como tudo na vida - uma escada...

* * *

Cajueiro dos Papagaios (última parte)

Os desafios existem,

e sempre são superados...

O desejo é otimista,

e sempre consegue o intento...

Hoje, Aracaju ficou mais bonita...




Cajueiro dos Papagaios (última parte)
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Foi um sucesso muito bonito e gostoso; conseguiram mais do que dobrar aquela quantidade de 2.000 ciclistas, pretendida. Foi assim:

- Inscritos através da internet = 2.843 ciclistas

- Inscritos na hora antes da largada = 1.600 ciclistas

- Não inscritos por falta de material, infelizmente = uma porção de ciclistas...

Esse número ainda não é oficial, mas já nos garante o recorde brasileiro..., sem nenhuma política envolvida...

Eu mesmo tentei a Petrobrás e a Vale, para que ambas "apenas avisassem" aos empregados, sobre o evento tão bonito e cidadão. Da Vale eu recebi uma resposta idiota, como se eu estivesse a pedir dinheiro; da Petrobrás nem resposta veio, mas em Mangue Seco, quando de minha trilha até aquele minúsculo povoado, fiquei enojado com o tamanho da estrutura (gigante) que a Petrobrás patrocinou, apenas para 100 ou 150 pessoas, onde um prefeitinho imbecil era o tempo todo anunciado. Para isso eles têm vontade..., mas para uma idéia cidadã, se fazem de moucos... Vidinhas mesquinhas...

Primeiro de Maio, esperamos repetir a dose, quem sabe um novo recorde alcançado, os erros cometidos reparados, recursos novos utilizados, tudo se somando para todos nós ganharmos, pois que festa para quem pedala, é pedalar em festa...

Bicicletas de quinze mil reais, misturadas com as que valiam menos de trinta reais, os vovôs e as vovós, os netinhos pedalando, os casais se divertindo, tudo misturado num pensamento só: o de dar um bom presente para a nossa cidade.

Soube de uma moça toda orgulhosa, que havia aprendido a andar de bicicleta, só para poder participar; eu fiquei muito contente, ter sido o escolhido para tão auspiciosa notícia, ficar sabendo.

Oficialmente, apenas 2 incidentes: uma torção de pé; um corte leve, porém eu vi uma cena inusitada e divertida: um rapaz, bastante empolgado, vendo os amigos em exibições acrobáticas, partindo para a própria apresentação, olhou de lado e não viu, aquele tamanho poste... Foi um barulho forte..., mas, mais forte que o baque, foi o apupo de quem tudo viu...

Através de pontos com rádios que se intercomunicavam, um à frente, outro no final, chegamos aos 2,85 km de gente pedalando; ninguém acreditou que fosse ser assim tão grande, portanto, nenhum helicóptero foi acionado, onde tomadas aéreas falariam por si só.

A Segurança do evento foi exemplar, onde todos os órgãos de segurança foram envolvidos; os veículos também ajudaram muito na festa, pois se comportaram com paciência, até que o último ciclista passasse.

Nunca vi tantas máquinas fotográficas em minha vida, mas não as dos participantes, e sim de tantos que chegaram às janelas e varandas, que a seu modo torceram por todos nós, que no próximo pedal talvez se juntem para alcançarmos os 8.000...

Foi um dia de festa, bem acolhido pela população que acorreu aos lembretes da mídia, onde a segurança, principalmente, foi enfatizada - mais de 1.000 capacetes foram distribuídos sem sorteios; camisetas brancas com a lembrança do evento, e garrafinhas para água, para todos os participantes.

Aracaju não conquistou apenas o título de Cidade da Qualidade de Vida, mas também agora é a mais nova recordista brasileira em Passeio Urbano de Bicicletas.

Aracaju deu exemplo de cidadania; mostrou ser simpática e positiva consigo própria. Que ela jamais perca esse brilho, esse orgulho, esse amor dos filhos que a fazem gentil...

* * *

Greenville

Não há bem, que não traga outro bem...

Não há sacrifício, que não renda bom bocado...

O Tempo que passa, um dia será lembrado,

bem no cantinho do coração...



Greenville
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)

Para a amiga distante.


O oceano há muito que a tudo dominava; em qual direção olhássemos, apenas água..., apenas ele a nos mostrar o quanto somos pequenos...

Eu largava o aconchego e partia em missão, mais uma dentre tantas que já havia participado, mas esta era diferente; eu estaria em lição, a aprender coisas novas, a assimilar novos segredos...

Olhei o meu diário e lá estava a página onde eu havia anotado o compromisso; passei um risco sobre a palavra "viagem", como passamos sobre tudo aquilo que já resolvemos; seriam alguns meses fora de casa, o tempo que fosse necessário...

Compromissos haviam sido adiados, promessas quebradas, vontades domadas, pois o dever, sempre ele, devemos em primeiro lugar...

Terra distante, terra dos outros, terra estranha...; teríamos que conquistar a todos, pois ali seríamos convidados...

Olhei para a carlinga e vi os dois, piloto e co-piloto ocupados...; detinham um grande mapa entre os dois...

Olhei em redor e vi o Técnico em instrumentos...; lia um grosso manual...

Apenas eu a bem pensar, a matutar os próprios botões...; meu casamento ficara para depois...

Levantei e fui fazer um café, e quando o cheiro forte se apossou de todo o avião, um a um virou-se em minha direção, como se convidando a receber um pouco, pausa para um pequeno conforto...

Sorri para eles e despejei numa xícara para cada um, o fumegante expresso saboroso, vindo diretamente do Brasil, terra que um dia conquistamos, reinamos e povoamos...

Por instantes olhei para o oceano lá embaixo, aquele mesmo em que Pedro Álvares Cabral singrou, em latitudes abaixo do Equador, descobrindo para o nosso orgulho, um verdadeiro paraíso, onde mora um bom amigo, não tanto assim, pois só nos escrevemos poucas palavras de vez em quando...; ele deve estar pedalando neste momento..., ou então, escrevendo alguma coisa...

Preciso comprar uma bicicleta...

Entreguei as xícaras de café quentinho a cada um, recebendo belos sorrisos, grandes elogios, de minha nova família pelos próximos meses...

Agora, a única sem nada a fazer é quem mais teria que aprender, combinar os tantos novos sinais, cruzar as tantas novas informações, nas tantas telas dos computadores instalados, tecnologia de última geração, a ser utilizada na guerra e na paz, na morte e no salvamento...

Em mim seriam dirigidas as atenções, minhas coordenadas anotadas, minhas observações sobre massa, volume ou profundidade, levadas em consideração, para a grande matilha despejar seus horrores, ou em casos mais amenos, a equipe de socorro chegar em tempo...

Pilotos apenas conduzem, Técnicos apenas reparam, mas a mim cabem as interpretações, se sim ou se não...

Bebi meu café e fechei os olhos; o ronco dos motores era suave, a trepidação estava longe, os solavancos estavam aquietados, e lembrei das despedidas..., da mãe, do pai, do irmão, do noivo que estava chateado, pois mais uma vez o casamento adiado...; a saudade apertou, como apertaram minhas pálpebras do choro...

Do amigo eu lembrava o consolo: não é o fermento pela boa espera, que belo faz o pão? Não é o sal que bem denota o doce?

E agradeci à boa lembrança do amigo: tudo passa...

Peguei no sono e quando acordei, alguém me sacudia pelo ombro; estávamos próximos de Greenville...

* * *

O pênis...


Na internet, tudo gira,


e girando, se repete...

Recebi uma piada,

já recebida em 2003.

Assim, o que na época escrevinhei,

agora repito para vocês...




O pênis...
(Paulo R. Boblitz - maio/2003)


Certo dia, recebi uma piada que retratava um homem conversando com o próprio pênis, onde ele afirmava que haviam nascido juntos, crescido juntos, brincado juntos e casado juntos..., terminando por chamar o pênis de sacana, por ele querer morrer primeiro...

Não sou psicólogo, mas psicologicamente falando, fiquei imaginando a cena:

O sujeito desenha dois olhinhos, um nariz e uma boquinha - sorridente?, fechada?, carrancuda? - bem..., isso é com vocês...

Aí conta a tal piada lá de cima para o pênis, que ficaria olhando para o sujeito, que nem cachorro quando nos escuta falar um monte de coisas estranhas, que ele pobre coitado não entende.

No caso do cachorro, ele pende a cabeça para um lado e fica prestando atenção, pisca duas vezes, endireita a cabeça, abre a boca e deixa cair a língua..., passa a língua de um lado a outro e fecha a boca..., pende novamente a cabeça para o outro lado, presta atenção, pisca outras duas vezes, endireita a cabeça, abre a boca e deixa a língua cair de novo.

O pobrezinho, sem nada entender, mas achando que estamos falando coisas agradáveis, dá dois latidos e parte para cima da gente, dando um pulo como quem quer nos acarinhar...

Aí a grande diferença: enquanto o cachorro consegue pular, o pênis permanece na mesma... Enquanto tentamos falar para o idiota do cachorro nos entender, ficamos como idiotas a falar para o pênis, que nem nos escutar escuta...

De qualquer forma, sem entender muito de pênis, tenho certeza de que a piada não reflete a realidade com precisão, uma vez que, de fato, nascemos juntos, mas amadurecemos de forma diferente. Esse negócio que hora mija, hora especula, hora ejacula e noutras horas pinga, tem vida própria e insana, e meio débil mental, demora para começar a funcionar, digamos..., lá pelos 13 anos... (no meu tempo era assim, mas acho que hoje em dia já começa lá pelos 8).

Aí, depois que sabe como funciona, mergulha de cabeça nas ginásticas da vida e não pára mais de trabalhar até os 22 - 30 anos, período em que esbanja energia e irresponsavelmente as queima por qualquer besteira - é um perdulário...

Indivíduo incerto e imprevisível, agora continua levando uma vida mais regrada, mas ainda impetuoso e gostando de agir como a cigarra daquela fábula.

De qualquer forma, cigarra ou formiga, o pênis não tem jeito - é um indivíduo duvidoso e traiçoeiro, pois assim como nos leva às alturas, pode também nos trair naqueles grandes momentos de expectativa e de longos trabalhos preambulares, nos vexando diante daquilo que chamamos de conquistas...

Cigarra ou formiga, ele tem seu tempo certo. Assim, sem essa de poupar para poder usar depois - é como o vento cheiroso que passa por nós, trazendo odores diversos que nos fazem pensar em relva, orvalho, em flores, em doces da vida que nos amaciam a alma, que como vem, passa adiante deixando-nos a lição do aprendido na memória do filme da vida, que costumamos não contar para ninguém...

A piada peca ainda, por tratar indevidamente a questão, pois que o pênis ainda continuará servindo para fazer xixi e de vez em quando, no acordar, revigorar as lembranças com o famoso tesão do mijo.

Discordo, portanto, com a abordagem que a piada fez ao tema.

Creio que o homem da piada é um completo egoísta, insensível, esquecendo-se facilmente das bravuras e bravatas do velho guerreiro, das tantas conquistas, embora com algumas covardias pelo caminho. Temos que aprender a respeitar os mais velhos e tentar entender que a idade mental tem ciclos diferentes: a nossa é solar, e a deles é solar e lunar, portanto muito mais intensa, inclusive trabalhando sob as mais variadas pressões e horários, sob as mais diferentes condições e posições.

Se pudéssemos, deveríamos imitar os nossos pênis, aí se incluindo as mulheres, pois quando eles começam a trabalhar, não tem embromação nem lero-lero, nem fofoca e nem sorrisos - é vai pra lá e vem pra cá, de vez em quando sai mas torna a entrar, valente esporra e bota tudo para fora, não leva desaforo para casa... Depois dorme como criança e angelicalmente aguarda pela próxima contenda.

Inválido, pois que já nasceu assim, necessita sempre de ajuda para qualquer coisa, ou da mão direita ou da esquerda, ou de mãos alheias a lhe bolinar, o pênis merece o nosso respeito, pois nunca o vimos reclamar, mesmo quando lhe ficam a gracejar ou debochar, como no programa do Jô, já faz muito tempo, ainda no sbt, quando demonstrando uma prótese, o colocou para cima, para baixo, para ambos os lados, culminando por parecê-lo em caracol.

Nunca foi soldado, mas bateu muita continência esse tarado, no nosso tempo muito usado, por qualquer brecha ou lance livre, hoje em desuso por causa das drogas, voltando a ser usado por conta de outras drogas, o danado retorna em evidência, deixando as "véias" esperançosas.

Como era boa a "calota do fusca", sempre limpinha e sem riscos, bem polida era um espelho, que distorcia um pouco eu reconheço..., mas para que serve a imaginação?

E as poças d'água? Hoje não existem mais, pois tudo é asfalto, e se existissem, não precisamos mais: é só irmos à banca de jornais, ou simplesmente assistirmos televisão.

Sacana? Coisa nenhuma...

Que tal arrumarmos um panteão para quem tanta confusão já arrumou, para quem tantos suspiros já arrancou, para quem tantos bebês já configurou?

Quando chegar a hora do meu velho amigo, companheiro sempre bem guardado, as botas querer pendurar, vou olhá-lo com carinho e gratidão, vou encerá-lo, deixá-lo brilhante reluzente, e numa homenagem galante, agradecê-lo e diplomá-lo, libertando-o da ereta responsabilidade, da dura pena de se fazer gozar...

Vamos os dois, descansar...

* * *

Bike Polo

Por causa daquilo que não existe,

somos inventores...

Por causa da chamada alegria,

somos cantores...



Bike Polo
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Estava escrevendo alguma coisa, quando o telefone tocou; era o Luciano Aranha...

- Boblitz! Estamos lhe convidando para uma partida de Bike Polo...

- Bike o quê!?

- B-i-k-e P-o-l-o... - repetiu bem devagar.

- Mas Polo não se joga com cavalos..?

E continuamos conversando, e a cada explicação que ele dava, mais eu ia rindo da arrumação, mas no final acabei agradecendo a boa lembrança, prometendo no máximo, chegar até lá na quadra para dar uma olhada.

Neste sábado agora, 14/mar, às 5 e meia da tarde, eles estarão treinando ali na quadra poliesportiva da 13 de Julho. Quem se habilitar, precisa levar apenas a bicicleta e o capacete, e para formar um time, basta arranjar mais dois colegas, pois um time é composto de 3 participantes.

Desligamos e fiquei imaginando 6 ciclistas numa pequena quadra, sem poder colocar os pés no chão, pois se constitui numa falta, armados de tacos atrás de uma pequena bola...

Numa partida assim, não pode haver discussão..., até porque muitas trombadas deverão acontecer, pois a meta visualizada, a busca ficando frenética, torna o objetivo prioritário - o gol...

Surgido no ano de 2000 em Seattle, Estados Unidos, acabou se difundindo como toda coisa boa ganha corpo, e hoje já é disputado até na Europa. Aracaju, depois de Curitiba e de São Paulo, já é a terceira cidade onde esse esporte chega, trazido pela iniciativa do Prof. Luciano Aranha, que já confeccionou os tacos e conseguiu formar um grupo de 20 adeptos.

Bike Polo assemelha-se muito com o Hóquei, mas traz o nome Polo por conta dos cavaleiros estarem montados em suas bicicletas, pedalando em quadras urbanas, realizando com a mais absoluta certeza, manobras radicais de ataques e defesas...

Vamos, eu e minha câmera fotográfica, dar um pulo até lá...

Mal começaram, já organizaram o 1o. Torneio de Bike Polo de Aracaju, a ser realizado no próximo dia 20 de março, às 17 horas, ali na quadra poliesportiva da 13 de Julho, com o apoio da Prefeitura de Aracaju, do grupo Bike Cultura, e da ong Ciclo Urbano. Informações podem ser obtidas no blogue http://bikepoloaracaju.blogspot.com/.

Fiquei sabendo que a equipe vencedora receberá 3 bicicletas; os outros prêmios seguirão a relação com o mundo das bicicletas.

Mais um pouco, estaremos competindo com o pessoal do sul, mostrando a todos eles, a nossa garra nordestina...

* * *

Cajueiro dos Papagaios (parte 2)

Lembrando de uma amiga,

que do tempo tratou,

tempo teve, sempre tem,

sempre ajudando alguém,

a quem tempo não tem...



Cajueiro dos Papagaios (parte 2)
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Cento e cinqüenta e cinco anos para uma cidade, não é nada, e Aracaju, como qualquer criança, cresce a passos largos...

O crescimento se dá por conta dos aracajuanos, e por tantos que descobriram Aracaju e a adotaram como a terra deles, como se aqui tivessem nascido.

Isso acontece, pela simpatia..., pelo calor do povo que, festivo e sempre participativo, encara qualquer obrigação com muita seriedade. Enquanto ia escrevendo estas últimas palavras, ia também me lembrando de muitos fatos que me aconteceram, e que vez ou outra, continuam acontecendo.

Não sou daqui, oficialmente, mas de coração, há muito que fui conquistado...

Agimos com os outros, conforme nos comportamos; o que quero dizer é que, se confio nas pessoas, é porque primeiro, sou direito...

Certa vez, na praia com a família, comemos, bebemos, nos divertimos e chegou a hora de pagar a conta. Procurei o dinheiro no bolso e não encontrei; pedi à esposa, pensando que estivesse na bolsa dela; ela pensava que estava comigo... Resultado: havíamos esquecido o dinheiro em casa. Olhei para o atendente, que já me olhava diferente, e lhe perguntei quem era o dono...

Meio sem graça, expliquei a trapalhada e solicitei um tempo enquanto ia correndo em casa, buscar o que esquecera.

- De jeito nenhum!!! - me respondeu o dono do bar, ali próximo onde hoje é a Mãe Gorda; e continuou, num sorriso bem franco:

- O senhor vai para casa, leva a família, não precisa deixar nenhum documento, e quando vier à praia novamente, o senhor passa aqui e paga...

Era um sábado... No domingo não pretendíamos vir novamente à praia, mas viemos e pagamos, e ficamos amigos por um bom tempo...

Um outro caso aconteceu quando eu, resolvendo um problema lá no Departamento de Trânsito da cidade, encontrei um sujeito com um caso parecido. Estávamos sentados à frente do encarregado, que pedindo licença, dirigiu-se para os arquivos, a fim de trazer os prontuários. Enquanto ficamos sós, aproveitei e perguntei ao sujeito ali ao lado, onde eu poderia comprar um peixe fresco. Ele respondeu:

- Comigo mesmo!, pois tenho um barco ali no Mosqueiro... - e foi desenhando num papel, o mapa de como eu poderia chegar até a casa dele.

Num belo final de semana, numa ida à praia, combinei com a esposa para passarmos lá no Mosqueiro, já que não ficava muito longe, e comprarmos o peixe que tanto gostamos. Dito e feito, chegada a hora de irmos embora, nos dirigimos à casa pelo mapa desenhada, e nos atendeu a esposa do pescador. Ele não estava, mas ela poderia nos atender, já nos mostrando uma boa quantidade de freezers, com as variadas espécies.

A cada peixe bonito que nos interessávamos, ela respondia que não sabia o preço do quilo; que esse assunto era com o marido dela. Então fomos tentando nas outras espécies, pois algum preço ela haveria de conhecer, mas acabou não sabendo de nenhum. Virei para ela e disse:

- Senhora!, depois então a gente passa aqui de novo, e aí compramos o peixe... Já estávamos nos dirigindo para o carro, quando ela nos interrompendo, falou:

- Vamos fazer assim: vocês escolhem o que quiserem, a gente pesa e anota; depois vocês ligam e a gente vê como fazer para o pagamento...

E assim fizemos, e já estávamos saindo, todos no carro, motor ligado, primeira marcha engatada iniciando o movimento, nos despedindo, quando a esposa do pescador nos apontou um outro carro, informando que ele estava chegando. Saltamos novamente, pagamos a conta e fomos embora, e por muito tempo compramos peixes com eles...

Ainda hoje quando necessito de qualquer informação de alguém passando, escuto 4 ou 5 vezes a mesma explicação de como chegar ou encontrar aquilo que estou precisando, face à intensa preocupação do sergipano, para que eu seja feliz em meu intento. Não raro, pessoas que se dirigem num sentido contrário ao meu, invertem o sentido apenas para bem me ensinar o caminho, me acompanhando. Isso não é para qualquer um; isso só consegue fazer, quem tem o coração aberto, quem está sempre feliz, principalmente com a própria terra onde vive, alegrando-se em mais gente receber, não importa de onde tenha vindo.

Assim é Aracaju, assim é o Sergipe inteiro, passemos por onde estivermos passando, encontraremos sempre o sorriso hospitaleiro, o orgulho em mostrar que tudo isso em que pisamos, é terra abençoada por Deus, e por isso é bela e gentil.

Assim precisamos continuar sendo, mantendo essa tradição que poucos povos têm.

Venha pedalar, participar e abrilhantar, juntar-se somando a tantos outros orgulhosos aracajuanos, dizer que ama esta cidade...

As inscrições estão abertas até esta sexta-feira, dia 12, no Portal da Mobilidade (www.smttaju.com.br), ou no sítio da TV Sergipe (http://emsergipe.globo.com.br). Passado este prazo, haverá nova oportunidade na concentração no alto da Colina do Santo Antonio, a partir da 7 horas.

Inscreva-se e participe dos diversos sorteios de bicicletas, capacetes e lanternas pisca-pisca; convide um amigo, peça para este amigo mais amigos convidar, transformando essa energia em significativa participação, demonstração de amor pela terra que devolve tanto amor também.

Para que este orgulho fortaleça e mais aumente, estará o Professor Mestre Samuel Albuquerque, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, contando a História de nossa gente, sempre quando passarmos num ponto histórico e tradicional, e serão muitos, de acordo com a riqueza cultural que aqui sempre se fez presente.

Ao final desse evento, mais um parágrafo na extensa História de Aracaju, a festa então para valer, começará, sob a batuta de vários artistas e bandas convidados, e aí já será futuro, a você conhecer passado com a própria participação, e poder gritar ao som de baixos e agudos:

EU SOU ARACAJUANOOOOOO..!

* * *

Trilha Aracaju (Sergipe) - Mangue Seco (Bahia) - (ii de ii)


Não há nada como do cansaço descansar...


Não há nada como o prazer relembrar...

Voltamos para tudo novamente começar,

e mais uma vez chegar a hora,

da mente contente amenizar...,

nova trilha poder enfrentar...



Trilha Aracaju (Sergipe) - Mangue Seco (Bahia) - (ii de ii)
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Desembarcamos nossas mochilas e bicicletas; até a pousada, ainda ia uma pequena caminhada... Um jipão logo chegou para nos levar todas as bagagens, deixando-nos livres para empurrarmos as bicicletas, pois naquela areia frouxa, ninguém conseguia pedalar.

Uma placa de sinalização chamou a atenção, pois caminhos estreitos de mão dupla, requerem sempre educação.

Dona Geiza já nos aguardava com seu ar de mansidão; sorrindo nos foi encaminhando com cada chave na mão: "bem-vindos à nossa casa..."

Indicando-nos um bom lugar, garantiu que guardaria bem trancadas, todas as bicicletas, sem nenhum arranhão... Encostei minha bici e fui me livrar da bagagem, tirei as sapatilhas e rumei para a piscina, que estava morna convidativa, para quem quisesse relaxar. Livramo-nos dos suores e nela entramos agradecidos, e ficamos ali um tempão, até que sem mais conversas, devagar fomos saindo, pois um belo jantar nos aguardava, com seu cheirinho de tempero já a se anunciar, nos enchendo a imaginação com tantos sabores.

Tomei um banho, lavei minha roupa e a estendi no varal do alpendre, que bem merecia uns ganchos armadores, e umas gostosas redes, herança maravilhosa dos nossos índios...

A cada momento que passava, mais nos aproximávamos da boa hora, aquela em que satisfaríamos o corpo faminto; um a um foi se achegando e sentando nas cadeiras do alpendre, observando o vai-e-vem do pessoal da cozinha, que num enervante ritual, primeiro trouxe as toalhas, depois arrumou as mesas, arrematou com uns jarrinhos com flores, pôs os talheres, os copos, os pratos, os guardanapos, mas comida?, nada...

Sete e meia..!, nos lembrou alguém mais organizado, refreando nossos ímpetos; iríamos jantar ao ar livre, numa espécie de coreto com telhado heptagonal, algum erro de um Marceneiro, ou de um Pedreiro que sentou sete colunas.

A última coisa a ser arrumada foi a mesa da comida, ali onde cada um seria por si, em comedidas investidas, pois têm vezes que o instinto é mais vibrante...

Estenderam-lhe uma toalha e começaram um desfile de travessas, as mais coloridas num difícil arco-íris noturno, miragens que só a fome produz... Fez-se uma fila ordeira e pacata, e em sentido horário, iniciativa de quem primeiro se serviu, fomos rodeando aquele pequeno altar, numa adoração pelos olhos, em voláteis aromas que teimavam em não se misturar...

Moqueca de peixe, peixe frito, filé de frango acebolado, pirão, sururu, vinagrete, arroz, feijão, uma farofa sem igual, e quase, quase, na pouca luz, punha açúcar pensando ser queijo ralado...

Repeti 3 vezes... Era a fome unida com o gostoso...

Terminamos o jantar e devagar nos fomos aquietando, sentando no alpendre para jogarmos as últimas conversas fora, até que surgiu um violão, e dois artistas, Amâncio e Ruperto, que se não são é porque não querem, pois que com maestria tocaram e interpretaram, o puro romantismo, poesia limpa e inteligente, maviosa por gênios de outrora, onde a cultura reinava, os bons modos eram a tônica do galanteio, o respeito não permitia que o vulgar viesse à tona, e o amor era cantado aos 4 cantos, em saraus e serenatas, onde a paixão soava mais forte no coração, embalado pelos versos profundos... Hoje os tempos são outros e tudo isso, embora lindo, é tido como careta..., por bobos que se julgam modernos, vulgares pelas próprias deficiências, vazios pela falta de criatividade...

Chegou um momento em que cada um, cansado, relaxado pelos tons suaves, procurou seu próprio recanto, para sonhar e recobrar as forças, pois o domingo bem prometia...

Dormi um sono de passarinho... Primeiro um cachorro latiu, e mais tarde repetiu, e mais uma vez se mostrou valente...; segundo foi o colchão, muito fino tornando-se duro, a cada vez que eu me sentia dolorido, me virando para o outro lado. Foi como se dormisse acordado...

Dia seguinte havia uma unanimidade: o cachorro foi o vilão...

Ivan, eu e Paulo Carneiro, diante de um deserto onde todos pareciam dormir, resolvemos conhecer o povoado, uma grande mangueira rodeada de uma singela igreja e mais algumas casas, tudo um pouco já desfigurando o encanto, que um dia Mangue Seco teve. No caminho encontramos Miranda e Silvia, que se divertiam a tomar banho de rio salgado. Ao longe o mar a perder de vista, a se misturar ao rio, a informar que ali o império das águas ainda reinava, mas aceitava os encantos do verde, das croas de areia querendo ser ilhas, da gente deslumbrada com tantas belezas...

Fomos por cima das dunas, retornamos com a maré ainda cheia, água pelos joelhos a fazer marolas, a quebrar nos quebra-mares de coqueiros, areia alvinha a contrastar com a velha pobre palma, que um dia voou sobranceira, ao gosto do vento matreiro, agora jazendo seca embaixo d'água...; a vida é uma só: uma hora ela tira, outra hora ela dá...

Chegamos em bom momento com muita fome, quase 10 horas de um dia azul; a maioria já tomara o desjejum, abacaxi, melão, melancia e mamão, suco de maracujá e de melancia, pão, manteiga, bolo, queijo e presunto, ovo mexido, cuscuz, inhame e salsicha, e claro, o café e o leite... Aquilo já era quase um almoço...

Numa reunião rápida, alguns decidiram passear de bugre, um veículo leve para as areias soltas, e outros iriam apenas para a praia; eu resolvi andar de bicicleta, conhecer o lugar bem mais depressa, e saí empurrando a magrinha, amiga boa num pedal macio...

Ao chegar na areia molhada, montei e pedalei, e boas fotos fui tirando, até chegar num chavascal, não imundo como o significado traduz, mas terra morta e de ninguém, como o significado também condiz, e relembrei os anos de Amazônia, onde os rios produzem chavascais, semi-enterram suas árvores arrancadas, produzindo cemitérios desolados de troncos, daquilo que um dia foi feliz, hoje insepulto pelas forças do vai-e-vem, do rio que traz, do mar que devolve...

Galhada seca a produzir ancoragem, vida mais tarde a se achegar, ninhos produzir, vida nova enfim surgir, da morte a herança não ser em vão, pois que a Natureza a tudo resolve, a tudo ensina transformando...

Quais suplicantes aos céus em braços erguidos, clamam por um amor que um dia tiveram, às margens risonhas do forte rio, enquanto verdes vicejavam e floriam, davam sombra e as ribanceiras protegiam; hoje somente atrapalham...

Saí dali enquanto pensativo, pois adentrar?, só se fosse sem a bicicleta, tamanho emaranhado confuso, agressivo e ingênuo...

Pedalava agora a favor do vento, escutando ainda os malfadados ramos, até que os ventos cansaram, deles trazerem lamentos, e me fui de volta de onde havia vindo. Quando passava pelo ponto onde começara, gritos me chamaram, os novos amigos me alertaram, estavam ali para eu me juntar... Me aproximei e soube que mais bicicletas estavam vindo; segui em frente sozinho, e quando voltasse, um novo passeio faríamos.

Pedalei até cansar de não ver nada; mar de um lado, areia fofa de outro..., e retornei, agora contra o vento refrescante, até encontrar Maíra e Rose pedalando. Juntei-me às duas e pedalamos, eu de longe e as duas conversando, até que bem as lembrei, de que a volta seria contra o vento, barreira que nos freia o deslocamento... Coerentes deram meia volta, e conversando continuaram... Mulheres..., não conseguem poupar energias...

Como eu não participava, apenas acompanhava, acabei de novo em brincadeira, seguindo a risca do molhado, em ziguezague onde o desafio era não molhar o pneu... Cansei e em senóide as acompanhei...

Chegamos enfim às barracas onde todos estavam, e sedento umas boas cervejas sorvi, até que a hora final apontou, aquela hora que diz que temos de ir embora; eles foram de bugre e eu fui sozinho, empurrando minha legal magrinha, sentindo a areia quente a me esquentar os pés; encontrei um Prof. da Universidade Federal de Sergipe, área da Psicologia, que andarilho passeava e também retornava - morava em São Cristóvão e estava com a Esposa, passeando e namorando, quem sabe reinventando nova Lua de Mel..?

Fomos conversando sobre pedais, maratonas e trilhas, maravilhas e tônicas, que a bicicleta nos produz; nos despedimos na entrada de minha pousada - a dele ficava na beira do rio, paisagem de Paraíso...

Tomei meu banho, resolvi minha conta com Dona Geiza, e parti empurrando minha amiga do peito, quer dizer, dos pés... Encontrei Miranda, Sol e Francisco já almoçando; encontrei a Silvia, sua filha Luciana, Rose e Rodrigo aguardando, o pedido do peixe frito e da moqueca - estavam avexadas por conta de um compromisso... Até tentaram impedir meu pedido, mas meu gosto falou primeiro, mais alto sobranceiro, Camarão ao Alho e Óleo eu pedi, certo que comeria antes delas... Os cheiros se revezaram, meu camarão cheirou antecipado, o peixe frito cheirou segundo, e a moqueca chegou junto com os dois.

Silvia me apontou uma sabiá, apenas para me filar, camarões de tão belos e suculentos, enquanto eu procurava a tão canora ave; acabamos fazendo uma bela salada, misturando peixe frito, moqueca de peixe cozido, camarão corado no óleo... Vou lá voltar apenas por conta do camarão, enorme, cheiroso, suculento, saboroso...

Hora de voltar...; Capitão Perereca de prontidão, seu ajudante Bida na prancha, e fomos embarcando, primeiro as mochilas, depois as bicicletas, e por último todos nós. O ronco se fez ouvir e mais um pouco navegávamos para casa. Kanídia estava lá para nos receber, transportar nossas magrinhas em segurança, na nossa frente sendo seguidas e vigiadas...

Chegamos já de noite de um domingo muito gostoso, meio cansados, meio amolecidos..., meio contentes, já meio saudosos...

Planos eu vim ouvindo, cada um com o seu, repetir a experiência num outro lugar, na verdade, praticar a convivência, suar sob as próprias forças, caminhar em harmonia, dar e receber gentilezas, trocar sorrisos...

Isso tudo a gente só consegue, com as magrinhas pelo meio...

* * *

Trilha Aracaju (Sergipe) - Mangue Seco (Bahia) - (parte i de ii)


Gente valente quando entende,


chegada a hora, apenas enfrenta...

Gente valente quando decide,

já cumpriu de fato a decisão,

mas há de se ter a humildade,

reconhecer as condições...,

porque numa trilha,

não devemos sentir dores, ou

nos transformarmos em heróis...



Trilha Aracaju (Sergipe) - Mangue Seco (Bahia) - (i de ii)
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Quinze para as sete, eu estava chegando ao ponto de encontro; minha esposa me deu uma carona.

Sol já lá estava, montada em sua bici, a primeira a chegar. Nos apresentamos e reparei na pequena mochila às suas costas; olhei para a minha e até senti vergonha, pois estava o triplo do que ela parecia levar.

Adivinhando meus pensamentos, me pediu para que olhasse a bicicleta, pois precisava dar um pulo em casa para pegar a mochila dela; enquanto respondia sim, verificava que a pequena mochila, na verdade se tratava de um hidratador costal, desses que conhecemos como camelback. Mais um pouco, ela chegava com a pequena mala, que se fosse minha, daria para passar uns 15 dias.

Por volta das sete, começaram a chegar, um a um, todos os outros; conforme iam chegando, lhes observava as bicicletas e as roupas - tudo errado..., cadeados, buzinas, descansos, tudo peso desnecessário, enquanto que as garrafinhas d'água, apenas uma, eram mesmo garrafinhas... Um grupo que já tem costume de passear junto, agora resolvia também pedalar...

Saímos com um pouco de atraso, em grupos distintos e bem distribuídos, eu, Ruperto, Ivan, Rogers, Rosi, Miranda, Amâncio, Francisco, Fábio Linhares, Flávia e Sol, pedalando até a balsa no Mosqueiro. O dia estava bonito para se pedalar, nublado com nuvens altas...

Faltava um terço do caminho para chegarmos à balsa, quando o Paulo Carneiro a nós se juntou. Pouco antes havia encontrado Vovô Djalma, que comprava algumas frutas frescas à beira do caminho; estava de volta, num passeio solitário até o nosso gostoso caldo de cana. Parei, conversamos um pouco, mas tive que continuar, pois o grupo já se afastava muito.

Os dois carros de apoio já haviam nos ultrapassado, carregando bicicletas e alguns ciclistas que iriam começar a pedalar somente depois da balsa, como Vinícius, Maíra, Silvia, Luciana, Ana Luiza e Rodrigo, irmão do Fabrício, que também apoiava o passeio.

Chegamos enfim ao Mosqueiro, onde pudemos descansar um pouco, beber água de coco, saborear um caldo de cana e comer um bom pastel, tudo ali feitinho na hora. Vi com alegria que a ponte já está quase terminada, nos acabamentos finais...

Seguimos pela balsa atravessando o rio Vaza Barris, reiniciando nosso caminho numa estrada praticamente vazia, pois a balsa tem o dom de produzir intervalos sem trânsito algum, o que me tranqüilizou com tantos marinheiros de primeira viagem, a pedalar pelo meio da pista. Uma bicicleta será sempre invisível para quem estiver se aproximando veloz de encontro a nós, seja pela frente ou por trás, a piorar quando dois veículos estiverem se cruzando.

Rodovias sem acostamento, são muito perigosas, e perigosíssimas quando o tráfego é intenso; em rodovias, sempre devemos pedalar em fila única ou indiana, o mais humildemente próximos da extremidade, sempre na mão correta, se de dia em cores vistosas, se de noite, devidamente sinalizados.

O caminho era suave, com leve vento de través, pequenas subidas e descidas, até quando chegamos na Caueira, uma praia deserta àquela hora. Mais um ponto de descanso, onde aproveitei para pedir um isotônico gelado e espumante. Agora o passeio seria pela linha de maré, vento às costas até a praia do Abaís, uma delícia mas muito quente pela falta do vento a nos refrescar, pois agora andávamos junto com ele.

Não resisti a tanto sossego e logo me lembrei de Carlos Núñez, e comecei a tocar o Castro da Moura em minha cabeça, uma música linda a perdurar. A maré vazante, em ziguezague despejava suas carícias brandas, pela areia agora desnudada...

Lembrei do tempo em que praticava coordenação em vôo, e logo estava seguindo em ziguezague, acompanhando cada vez mais veloz, meus cânions imaginários, até que percebi um urubu e parti para cima dele, num ponto mais elevado, lá onde dá trabalho para a espuma chegar.

A ave notando minha aproximação, começou pesada a correr, mas com vento de cauda, passou pequeno apuro até alçar seu majestoso vôo, que em volta suave e plana, já lá em cima em segurança, passando por mim deve ter lançado alguma praga...

Descobri uma velha galhada, náufraga na areia semi-enterrada; decidi aproveitá-la para mais bonita tornar minha amiga magrinha. Olhei para trás e misturados à névoa salina, seis cavaleiros se aproximavam. Resolvi esperá-los e por alguns instantes os acompanhei, até que vislumbrei alguém correndo a empurrar uma bicicleta, atletismo diferente, e para lá me dirigi.

Era o Rodrigo que descalço, empurrava uma bicicleta com o pneu furado. Não adiantava minha câmara reserva, nem meu kit de reparos rápidos, pois o pneu era speed e não estávamos com a bomba apropriada. Mais um pouco chegava o Fabrício com a bicicleta dobrável, ou desdobrável, na garupa de uma motocicleta-socorro. Fabrício continuou de bicicleta, enquanto Rodrigo transportava a outra sobre os ombros, devidamente embarcado.

Os três primeiros cavaleiros passaram; mais atrás vinham Ivan, Paulo carneiro e Flávia; fui de encontro a eles e seguimos juntos até chegarmos, ali próximos, ao Abaís, um outro ponto de descanso onde comemos salada de frutas, nos reabastecemos com água e mais uma vez, saboreei uma deliciosa e bem gelada isotônica, o tempo exato para repararem o pneu furado.

Agora seguiríamos pelo asfalto até o Porto do Cavalo, local onde já nos aguardava a lancha que nos transportaria até Mangue Seco. Atravessaríamos dois rios de uma vez, o rio Piauí, com 132 km de extensão, nascido em Riachão do Dantas, e o rio Real, nascido em Poço Verde, limite interestadual entre Sergipe e a Bahia, encontrando-se os dois num grande estuário, rico em flora, fauna e belezas...

Mais um pouco chegavam alguns retardatários, entre eles a que mais me chamou a atenção, Luciana, primeira vez que pedalava assim tão longe, sentada ao meio fio cheia de dores; se eu soubesse, a teria obrigado a embarcar no carro de apoio; pequei por ter me adiantado a eles...

Ao longe a ponte sendo construída, a que ligará Porto do Cavalo à Terra Caída, interligando as duas rodovias da Linha Verde, baiana e sergipana. Com tanta tralha, demoramos no embarque, e a Marinha, nos observando, veio fazer uma vistoria, nos atrasando mais um pouco; conferiu a documentação do barco, a existência dos coletes salva-vidas, nos liberando. O barulho de trovões anunciava a trovoada, que já pintava a tudo de cinzento; foi só barulho, pois foi cair em outro canto...

O Capitão Alberto Perereca acionou o motor, o Ajudante Bida recolheu a prancha, enfim partimos numa navegação diferente, onde os passageiros eram gente nossa, nossas magrinhas, dentro e sobre o teto da embarcação dispostas com esmero, e todos nós, navegantes a cantar em alegria, aquela musiquinha, não incidental: "Se a canoa não virar..., olê, olê, olá..!".

Navegamos sob os respingos que nos tentavam brindar, do bigode que a proa fazia levantar, ao trilhar aquele rio quase mar...

Uma leve garoa com pingos querendo engrossar, nos aguardava quando cravamos nossa quilha, espinhando a doce areia a nos receber, agora a só descansar de um dia inteiro..., mas essa história?, só na próxima, na parte 2...

* * *

Cajueiro dos Papagaios

Em 155 anos,

quantas paixões já não vieram?, já não se foram..?

Você olha para trás e vê a própria História,

seus pais, seus avós, suas próprias conquistas...

Cajueiro dos Papagaios, ou melhor, Aracaju,

faz aniversário...



Cajueiro dos Papagaios
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Neste mês de março, Aracaju vai fazer 155 anos, uma jovem, bela e aconchegante cidade a olhar para o Leste, onde o Sol vem lhe acordar sempre com alegria.

A cidade está preparando uma grande festa, e ela já pode começar com você, ciclista, neste próximo dia 14, domingo, juntando-se aos 2.000 ciclistas que percorrerão um magnífico trajeto histórico.

Se você puder trazer mais um amigo que pedala, ou parente próximo, até mesmo distante, só aumentará esse número que provará definitivamente que Aracaju é sim, portadora de uma ótima qualidade de vida.

Se você gerencia uma empresa, passe um aviso aos seus colaboradores, incentive-os a pedalar nesse dia, pois que a festa é de todos nós, de nossa Cidade.

Se você tem amigos na sua rua, forme um grupo e venha participar.

Se você tem amigos pela internet, convoque-os todos, enviando-lhes mensagens.

Aracaju merece...

Cada participante deverá se inscrever no passeio, para lá na concentração, receber um adesivo numerado e poder participar dos vários sorteios de bicicletas, capacetes e outros itens ligados à segurança e bicicletas.

Bicicleta é saúde, e Aracaju dará início às suas alegrias como aniversariante, com muita saúde estampando-se em cada sorriso alegre e colorido desse monte de pedais unidos, uma formidável demonstração cívica de que nossa querida cidade é de fato, hospitaleira, alegre, faceira, divertida, excelente para quem quer pedalar.

Haverá muita segurança no trajeto, todo orientado por batedores da SMTT, em ruas e avenidas fechadas ao trânsito convencional, pontos estratégicos de distribuição de copinhos de água mineral, serviço médico de prontidão para quem necessitar de algum atendimento, Historiador contando a História da cidade, veículos de apoio apropriados para o transporte de alguma bicicleta avariada, e claro, toda a vivacidade de todos vocês ciclistas.

O passeio será extremamente leve, do tipo em que o Vovô e a Vovó poderão relembrar os velhos tempos em que namoravam pedalando pela velha Aracaju, quando fizeram inúmeras promessas de amor, diante dum Pôr do Sol sempre romântico...

Venha conosco pedalar. Dê esse presente à sua Cidade...

* * *

Opções...

Não é só o ter para fazer.

Há de se ter a disposição...



Opções...
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Opções, não aquelas da Bolsa que arrebentam com qualquer um, se delas não souber tratar...

Opção significa livre escolha, e escolhemos exercendo seleção...

Lençóis, Garanhuns ou Bonito?

Confesso que chega a ser uma sinuca de bico... Assim, cabe aqui uma especulação...


Lençóis, já me mandou o convite o Fabrício, fica no coração da Bahia, por entre os cânions da Chapada Diamantina, entremeada por cachoeiras e rios, poços e cavernas, antigas rotas dos garimpeiros, que por ali procuravam diamantes.

Morro do Pai Inácio, Rio Mucugezinho, Poço do Diabo, Cachoeira da Fumaça, que despenca por impressionantes 380 metros, a segunda mais alta do Brasil, e tantos outros nomes de outras cachoeiras, poços e caldeirões, onde o banho e o mergulho são inesquecíveis.

Gruta Lapa Doce, um pulo até as entranhas da Terra, com estalactites e estalagmites, túneis do tempo em que minerais precipitados se buscaram e se juntaram, num amor que já dura milênios, ali, às nossas esperas, pelos nossos sorrisos...

Serão 5 dias de intenso movimento, principalmente momentos, para a alma...; a viagem ocorrerá na Semana Santa, princípio de abril, a nos deslocarmos em ônibus com apenas 14 lugares, poltronas de aviões, no conforto que a gente gosta, geladinho...

Informações antes que se esgote: Fabrício Lacerda (rappelperegrinos@hotmail.com),
Peregrinos Roteiros Ecoturísticos - (79) 9962-2293.

Aviso: não estou ganhando comissão, embora para ir esteja com comichão; aproveitem, pois está num preço sensacional.

O problema é que não tem bicicleta...


Garanhuns, esse o convite foi especial, do mais novo amigo José Adagmar, ciclista de lá morador, nos chamando para pedalarmos na Suíça Pernambucana, ou Cidade da Garoa, região montanhosa do Planalto da Borborema, altitude média de 900 metros, temperatura média de 20 graus.

Reza a boa lenda que num dia, 9 graus foram medidos...

Os possíveis roteiros seriam as trilhas até a Cachoeira do Coema, uma queda com cerca de 80 metros, ou pelo belo caminho até a Barragem de Inhumas, um salto triplo com cerca de 20 metros, ou uma chegada até a comunidade quilombola Castainho, que teve sua origem com a destruição do Quilombo dos Palmares.

Interessante mesmo, pode ser um pulo até o santuário de Santa Quitéria das Frexeiras, inusitado por ser muito freqüentado por devotos do país inteiro, mas onde a Igreja Católica é proibida de pisar, daí o motivo de uma incrível briga judicial entre a Igreja e a família proprietária.

Para conhecerem esta interessante história, consultem:

http://acertodecontas.blog.br/atualidades/santuario-no-interior-e-causa-de-briga-juridica-entre-a-igreja-catolica-e-familia-proprietaria-de-imagem/

Já cutuquei o Ricardo Hsu, que está cutucando mais gente; cada um por si e Deus com todos.


Bonito também está na pauta. Ouvi dizer que Os Zuandeiros estão pensando...

Bem..., que me perdoem Os Zuandeiros, mas em Bonito já fui primeiro...

* * *

Crivo...

Com crivos se crivam,

e buracos se fazem,

como fazemos com nossos pneus,

deixando rastros para quem vem depois...

Depois os que vêm,

que não desfaçam o que foi feito,

com denodo e altivez...




Crivo...
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Disse-me a joeira que foi furada pelo cravo...

Joeira, para quem não quer pesquisar no Dicionário, é a mesma peneira, aquela mesma que se dispõe a filtrar os humores, os ciúmes e horrores, dos chorumes que em cadeia desencadeiam em cascatas, borbotões sedentários da mente profícua, em prazeres simples como o ajudar aos outros, principalmente em fazê-los sonhar...

Crivo é censura, onde o senso se revela em ditadura, crível forma de incrível forja, ser podada assim tão facilmente...

Como o berrante, a idéia soa primeiro, o dedilhar a secunda, o formato aparece, e você leitor, pode enfim navegar...

Qual passageiro você escolhe, se de primeira, se de segunda ou de terceira, mas nenhuma que minha seja publicação, novamente será tratada, crivada ou cravada, censurada ou criticada - é pegar ou largar, como já larguei alguns periódicos que me quiseram manietar...

Escrevo primeiro para mim, depois para vocês...

Já escrevia antes; continuarei escrevendo após..., eis um bom recado bem dado, a quem novo se julga, capacitado e líder, pois que nenhum cargo, eleito ou forçado, intimida quem lidera e quem tem criatividade.

Que o bando não se deixe levar, pois que sozinho eu passeio, e para o inferno eu os mando pastar, sorrindo assim de permeio...

Crivo é para quem não se sustenta, para quem de favores bem se sente... Sou independente e de minhas regras cuido eu; posso cortar o manancial...

Crivos?, quem tem medo deles?, se todos vocês me lêem...

Crivos? Ora, por que não aos paus mandados?, pois que estou a provocar, ver quem perde menos..., se eu ou se a turma que pensa, ser especial ou bacana...

Crivos... Os únicos bonitos que conheço, das bordadeiras e seus bilros, em labirintos de linho branco, arabescos produzem, o que bilros janotas não compreendem...

Está difícil, eu sei, mas proposital eu o armei, para os que pensam me crivar, ao Dicionário recorrerem, às hostes se juntarem, e de lá, se facilidades encontrarem, me detonar, pois que pedalar é mais fácil do que se imagina, nem intelecto é necessário, até macaco se ensinado pedala, mas escrever, enaltecer esses pobres coitados, isso requer acuidade...

Aproveitem, portanto, minha boa vontade...

E para que não sobre dúvida, eu já previa que seria muito difícil substituir o João de Deus, sujeito Porreta...

* * *