Aracaju - roteiro da luz...

"Ajuda é a mulher do Juda",

já dizia um bom amigo meu.

No entanto, nunca somos enganados,

pois que fazemos de coração...



Aracaju - roteiro da luz...
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Este foi o último passeio noturno das terças-feiras, do ano de 2009...

Novidades no ar...; parece estar havendo um racha no grupo que tem suas raízes há pelo menos 16 anos, quando uma turma alegre saía pedalando atrás de um carro de som, dando início a isso tudo.

Racha significa ruptura, que significa divisão; uma grande ironia...

E como ficamos? Divididos?

Não é a divisão, que faz crescer a vida? Não são os raios do Sol, divididos e lançados para todos os cantos? Não é ele quem bem ilumina?, quem faz a luz subjugar as sombras?

Egos..., quais estrelas cintilando falsa luz, a misturar-se entre as tantas luzes de nossa querida cidade...

Diz a teoria que a divisão é a soma ao contrário, um conjunto de sucessivas subtrações...

Quantos egos foram necessários para subtraírem tantos pedais da terça? Quantos Pedais se juntaram para dividir..?

Oxalá essa divisão se tornasse maior..., se resumisse em cada Pedal e seus pedais, girando cada um em direções diferentes, chegando juntos num ponto único de confraternização...

E foi culpa minha transformar um pedalzinho em pedalzão...

Esquecemos-nos de que os pedais são livres, espontâneos, prazerosos, feitos com aquela apetitosa vontade de ser a prática em conjunto com outros pedais, como qualquer outra prática esportiva, amadora, sem fins lucrativos, apenas pelo prazer de se movimentar.

Novidades no ar..., mas a persistência sempre costuma acertar, enquanto que o modismo acaba passando como tantos que surgiram e desapareceram, substituídos por outras cores, interesses, por que não também egos..?

Terça-feira que vem estarei no mesmo lugar, e se achar alguma coisa errada, novamente reclamarei como fiz neste último passeio, pois que é através das reclamações que as coisas mudam. Quinta-feira estarei de volta no Posto Select, e sozinho vou pedalar se necessário, pois que pelas divisões, as coisas sempre diminuem...

É a todos vocês que me dirijo, pedais que embelezam e compartilham, pois que sem vocês, nenhum Pedal tem sentido e valor, por ser a nossa força a impelir os dois...

Se antes eu defendia alguma remuneração para os Pedais, hoje a condeno, pois que ninguém cobra do outro para jogar bola, ou arremessá-las ao cesto ou por cima das redes, ou simplesmente andar ou correr no calçadão.

Que cada Pedal sobreviva de seus Patrocínios, ou reverta à mediocridade por incompetência.

Pedalamos porque gostamos, portanto isso não requer pagamento; quem gosta de pagamento, é Academia...

No apagar da luz de 2009, todas as nossas luzes de festa, vontade de um povo a se tornar mais bonito na hora da celebração, Natividade e todo um começo de novo, num ano que já se chega formoso.

Árvores com pingentes, paredes antes frias apenas pintadas, agora quentes resplandecentes, vivas emitindo amor, distribuindo luz e aconchego em cada alma que se dedique a tudo sorver...

Assim foi o nosso passeio, o último do ano, juntando nossas lanternas às luzes da cidade, como se complemento fossem, como se todos nós fôssemos uma festa ambulante..., sem egos, sem interesses...

Críticas!? A mim mesmo, por acreditar...

Se vou errar de novo!? Com certeza, pois boto fé em cada pessoa...

Deixemos o comércio para a hora do expediente, esse mesmo em que todos apenas correm sem respirar, competem pela velha Cara e Coroa, valores que nada representam, diferentes daqueles que cultuamos, luzes internas brilhantes que sempre pulsam e não piscam, por serem firmes porque são perenes...

* * *

Natal com os pedais - I Passeio ciclístico natalino

Nunca fui um Papai Noel...

Nem com meus filhos, experimentei ser...

Abrir presentes não é a mesma coisa de levá-los,

entregá-los a quem não espera recebê-los...

Enfim descobri que Papai Noel é bem real,

que ele vive em cada um de nós, aguardando...

A decisão compete a cada um, torná-lo real ou deixá-lo fantasia...

Partilhem conosco a nossa festa, sintam-se em casa, façam de conta que vocês também estavam lá.

Descubram como é gostoso participar, enfim doar-se por poucas horas, num ano com milhares delas...

Aproveite você agora, para fazer seu alistamento,

aqui no Trilhas com poesia, pegue o endereço.

Não precisa vir para cá; você também mora numa cidade...

Obrigado a todos, palmas para o Aranha, feliz natal...


Boblitz



Natal com os pedais - I Passeio ciclístico natalino
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Foi um sucesso...; 326 pessoas pedalando, de vermelho, presentes às costas, piscando pela noite em busca das crianças, que foram muitas e felizes...

Todos arranjaram um gorro vermelho, e um saco generoso a tirar surpresas para uma criançada que sorria...

Aranha deu a idéia, a Prefeitura se mexeu, todos apoiaram e muita coisa se arrumou...

Foi feito um planejamento, um roteiro chegou a ser desenhado, uma ordenação de instituições priorizadas, mas na hora H o que valeu foi a improvisação, dando certo pois partia dos corações, todo mundo com disposição, fazendo a coisa andar e dar certo, ordenadamente fora do planejado, prova de que a boa vontade sempre prevalece.

Problemas? Nada que uma primeira vez não tenha, pois uma idéia, mesmo simples, a envolver tanta gente assim, necessita de uma logística de guerra, antecipada, e aqui me utilizo desse termo militar, pois que foi um verdadeiro e avassalador assalto contra as hostes da tristeza.

Como uma pequena tropa de cavalaria em pedais, alcançamos um a um nossos objetivos, conquistando cada coraçãozinho apertado que nos aguardava, plantando em cada um, a sementinha da Esperança.

Pela ordem, não necessariamente nessa ordem, tomamos de assalto e conquistamos:

- Lar Meninos de Santo Antonio

- Abrigo Caçula Barreto

- Casa Santa Zita

- Lar Infantil Cristo Redentor

- Oratório Festivo São João Bosco - Oratório de Bebé

Embriagado pelo meio da caravana, tonto com tantas rodas girando, zonzo com tantos pedais subindo e descendo, não lembro por onde andei, nem sei por onde passei, pois olhava apenas para os olhinhos que nos recebiam encantados e cheios de muita vida.

Lembro sim do último rincão, pois ali enfim paramos, última conquista com descanso para a tropa, Lar Infantil Cristo Redentor, onde a criançada moradora em redor, também carente, nos recebeu com alegria, acabando de vez com nossa munição de paz e amor...

Lembro também de uma criança em especial, desta feita no Oratório de Bebé, linda tornada pelos sentimentos, pequenina do alto de seus 4 ou 5 aninhos, num velocípede cor de rosa, dando lição de honestidade e desprendimento...

Quando ia receber um segundo presente, recusou dizendo que já ganhara um... Ensinou na prática como devemos viver e conviver, repartindo como um dia Jesus repartiu, deixando para as que ainda não haviam recebido, seu gesto nobre de menina menininha, pequena santa desprovida do egoísmo, do possessivo, a se doar para as outras irmãzinhas...

Um nó achegou-se em meu pescoço e por momentos estaquei; aprendemos sempre por onde andamos, com quem convivemos...

Um pequenino anjo me mostrou, que amor existe sem condições, sem proporções, sem nada em troca a não ser por mais amor...

Ali eu recebi o meu presente, bebi do cálice da Natividade... A beleza não está no belo; está na alma que se anuncia, seja criança ou velho...

Missão cumprida, hora de debandarmos, a equipe do Aranha, Bicicletada, sem líder e sem dono, ao som do primeiro que zoava, entoava o grito de guerra das alegrias, sem ensaios apenas contagiando, vivas e anúncios de nossas vitórias...

Voltamos todos ao lugar de onde partimos, cada um com seu aprendizado, sua lição tirada de mais um dia de vida, e devagar nos fomos dispersando, enfim voltando para a realidade, sonho gostoso despertado...

Paulo Sérgio, que distribuiu bombons com todos nós, o único caracterizado como Papai Noel, voltando comigo e meu filho pelo mesmo caminho, contou-nos algo engraçado, mais uma outra lição aprendida...

Quando vinha pedalando pelo caminho, passando junto de uma molecada, o primeiro gritou:

- Papai Noel veado!

Ele então se virou e respondeu:

- Rôu-Rôu-Rôu...

Não satisfeitos ainda, um segundo gritou:

- Papai Noel corno!

Ele, não se agüentando, parou e suplicou:

- Meus filhos!, por favor!, se decidam..!

Decisões sempre tomamos. Ano que vem faremos de novo; chamaremos os bravos soldados da Reserva, uniremos com os soldados da ativa, e novamente conquistaremos as Fortalezas, não necessariamente inimigas, mas carentes de uma noite especial, essa mesma que jamais esqueceremos...

* * *

Papai Noel

Quem não acredita em Papai Noel, está certo...,

Quem lembra da gostosa fantasia, está certo também...,

Quem o guarda no coração, tem a certeza...

De repente, vocês também comecem a conversar com ele...



Papai Noel
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Papai Noel ligou para mim e conversamos um pouco, já que ele estava com pouco dinheiro, num orelhão numa dessas praias fabulosas entre Rio Grande do Norte e Sergipe.

Até pedi o número para ligar de volta, mas ele ficou atrapalhado; então conversamos rápido.

Estava de férias desde o dia 10; vai interrompê-las próximo do natal, e depois volta para novos bronzeamentos e bons banhos.

Falou muito bem dos peixes, das lagostas, dos pratos típicos da região, das frutas polpudas e muito saborosas, da cor do mar...; falou até da cerveja que matava a sede sem igual, e até da caipirinha, claro, uma aqui, outra ali...

Confessou que já está ficando um pouco apertado na roupa, pois está aproveitando tudo o que é comida gostosa e doce caseiro...

Perguntei onde estavam as renas, e ele respondeu que todas estavam adorando, ali juntinho com ele.

Mas..., como!? - perguntei.

- Fantasiei-as todas de cabras, mas você precisa ver como chamam a atenção... - respondeu ele.

- Forma uma porção de gente, só para nos ver tomando banho... - continuou.

- Papai Noel!?, onde já se viu cabra assim tão grande..? E onde já se viu cabra gostar de água!? É isso que está chamando a atenção... - completei.

- Eu pensei que fossem minhas ceroulas de bolinhas...

- Claro que não, Papai Noel... Mais um doido, menos um doido por essas areias, não faz diferença...

Ele disse que ia tentar tomar banho somente à noite, até porque já estava bastante bronzeado...

Cobrei dele o envio do endereço eletrônico que ele prometera mandar, para ficarmos trocando mensagens ao longo do ano, e ele reclamou chateado:

- Algum engraçadinho chegou na minha frente e gravou papainoel@gmail.com, aliás, só consegui uma vaga no papainoel1011@gmail.com...

- E por que não pegou!?

- Porque eu sou o número 1..!

- Mas você precisa ter um e-mail...; são os tempos modernos; as crianças hoje em dia aprendem rápidas a mexer em computadores...

- Vou criar assim que chegar em casa...; vai ser papainoel@natalpolonorte.com, pois que também existe uma cidade chamada Natal aí no teu Nordeste...

Rimos mais um pouco, ele agradeceu o nosso empenho por aqui, mas precisava desligar, pois estava juntando gente de novo, próximo do orelhão.

- Devem estar querendo telefonar também... - falei compreensivo.

- Não, não...; é que esqueci de tirar os sininhos das renas - ficaram por baixo das fantasias... - segredou-me baixinho.

E continuou:

- Estarei passando em cada casa entre 24 e 25; quem ainda for criança, mesmo que apenas um pouco, conseguirá ver o nosso rastro riscando o céu...


Ele terminou a ligação mandando um grande abraço para todos.

Assim, o abraço está mandado...


Quem quiser e puder, aproveite para nestes dias dar uma olhadinha para o céu, para quem
sabe poder ver Papai Noel riscando no firmamento iluminado, afinal, ele sempre foi meio atrapalhado com esse negócio de fusos horários...

Ah!, quase ia esquecendo... Ele mandou dizer que também estará pedalando no dia 22... Assim, se você virar para o lado e ver algum velhinho gordo e simpático, será ele com certeza...


* * *

Pombinho...

Existem momentos em que estamos felizes,

mais felizes ainda..., apaixonados..., otimistas...,

e assim mais criamos, com alegria,

sejam quais produções, sejam quais plantações...

Pombinho já crio há muito tempo,

meu fiel trabalhador número um...



Pombinho...
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Estava a escrever pequeno pensamento para aproveitá-lo na futura crônica da trilha noturna, e acabei lembrando do meu Pombinho...

Como o lógico será realizarmos essa trilha numa noite de Lua cheia, lua onde sempre comparecem São Jorge, seu cavalo branco e o dragão, eu bem poderia já construir o começo dela..., afinal, esse é o lado onde a imaginação brinca sempre com a poesia...

E brincando, a crônica acabou enveredando para outro lado, pois que a Lua tem sempre um lado apontando para nós amantes, e em Lua cheia, sempre se descortina a famosa luta que salvou a doce princesa.

Dos três, quem tem o papel mais fácil é o dragão, deitado de costas com molho de tomate a escorrer da boca, que finge ser alfinetado pela lança certeira do Santo. Por sua vez, devidamente sentado sobre seu cavalo, aparece São Jorge, que deve ter uma escora do braço por ali dissimulada, empunhando uma lança comprida a penetrar no dragão.

Para mim, a pior posição é a do cavalo branco, que coitado nem nome tem... Passa ele todas as noites, empinado, equilibrando-se apenas nas pernas traseiras. Talvez até sinta cãibras...

E onde entra o meu Pombinho nessa história?

Primeiro, ele é cavalo...

Segundo, ele é branco com pequenas pintas cinzentas, que lhe fornecem um matiz acinzentado, daí o nome Pombinho, embora ele seja bem grande...

Terceiro, porque ele é maluco...

O importante é que eu gosto muito dele, que até já está quase aposentado só pastando...

Certa vez quando observava o meu Pombinho, é que fui entender o porquê daquela expressão "comer como um cavalo..."

Cavalos não se deitam, a não ser quando estão doentes ou se espojando pelo chão, coçando as costas, atrapalhando a vida dos insetos... Dormem em pequenos cochilos, em pé, e não param de comer, mesmo à noite. Há os que dizem que segundo a evolução, um dia, cães e cavalos já foram parentes...

O fato é que meu Pombinho é irreverente, ao mesmo tempo em que também é disciplinado.

Fico impressionado quando uma ordem lhe é dada; anda e pára instantaneamente; depois de parado, não se move um centímetro...

Outro dia deu uma carreira no empregado, que foi parar em cima da mangueira dum salto só, lá de cima xingando:

- Cê tá maconhado!?, seu fííi du cabrunco..!

Vive a me dar despesas, pois vira e mexe, me obriga a comprar cordas novas, pois solto sem as rédeas, ninguém o pega; com a corda comprida, já conseguimos, mas ela passa o dia inteiro arrastando pelo chão.

Acho que ele também é meio malandro, pois através da boa comida, acaba fazendo amizade. Tem uma linguagem através das orelhas, que se mexem para direções diferentes, independentes.

Quem for mexer com cavalo complicado, é bom antes aprender os sinais das orelhas, pois elas antecipam em muito, aquele deslocamento abrupto de 500 kg em média...; um coice, pode até matar...

Orelhas murchas para trás, como que deitadas, é melhor sair de perto...

Pombinho adora minhas alfaces, tendo já um relógio que lhe diz a hora das colheitas, aproximando-se como quem não quer nada...

Às vezes, quando fingimos que não o estamos vendo, ele fica de lá:

- Rum!, rum-rum-rum-rum... - em tom suave e carinhoso...

Come alface até ficar de caganeira, momentos que o deixam com as pernas pretas e necessita tomar banho, ensaboado com detergente gel para limpezas pesadas, a deixá-lo depois com cheiro de banheiro...

Uma vez eu precisei cobrir a estrada com piçarra, e ao final do dia estava ela toda bonita e avermelhada, bem planeada e desenhada no meio do mato. Mais uns dias, com desgosto verifiquei que o Pombinho a estava deixando cheia de montes de cocôs redondos...

- Cavalo filho duma égua..! - ficava eu a repetir para o empregado, na medida em que a estrada ia ficando contaminada.

- Tanto lugar para ele cagar, só caga na estrada... - completava eu, apenas para o empregado ficar sorrindo, coisa que também estava me deixando com a pulga atrás da orelha...

Até que um dia, vendo aquela coisa grande com o rabo levantado, desrrolhando o ralo, fui obrigado a respeitá-lo...

- Nal..!, o Pombinho não é burro...

Diante da expressão irônica do empregado, que devia estar a pensar que disso todo mundo já sabia, pois que um cavalo não pode ser um burro, continuei:

- Ele só faz cocô onde não come...

E desse dia em diante o filho duma égua, o cavalo, cresceu em meu conceito...; bem podia emprestar seu nome para o cavalo branco de São Jorge, santo patrono da Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha, Lituânia e Moscou. Até o Rio de Janeiro o tem extra-oficialmente...

Falando em trilha, como ela será noturna, dia 17 de janeiro, olhar para São Jorge guerreando não será um bom negócio, pois se de dia olhando o caminho, caímos nos buracos, imaginem de noite, olhando para a Lua...

Acho que vou levar duas lanternas...

* * *

Dando exemplo...

Exemplo às vezes cansa,

porque nos obriga a fazer,

nos obriga a praticar,

nos obriga, zelando,

a mostrar como se faz...



Dando exemplo...
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Nem sempre as coisas são bonitas, apenas porque não são feias...

Beleza maior está no esforço, naquele que nos faz tirar, ou melhor, produzir onde nada mais existe, a chama diferente do "eu consigo..."

E são consigos próprios, com seus próprios eus, que acabam travando a maior batalha, pois enquanto as condições dizem Não, os espíritos comprando a briga, dizem Sim...

Dar exemplos não é nada fácil, num mundo afeito às coisas sem muito custo...; pior então é dar exemplos aos mais jovens, quando nós mais velhos já estamos na descendente natural das curvas que a vida nos vive apresentando...

Ricardo Hsu foi lá e arrancou o primeiro lugar da categoria B, que vai dos 40 aos 50 anos, conseguindo ainda chegar na frente do segundo colocado da categoria A, com 10 participantes competindo, mais jovens do que ele.

Competiu com atletas do Brasil inteiro, todos Feras brabas, no Sexto Desafio Pajuçara FM de Arapiraca 2009, em Alagoas, num trecho misto acidentado com 140 km, debaixo de um sol bem quente nordestino e vento certeiro, às vezes contra, completando a prova em 5 horas e meia, remendando a Câmara de Ar por duas vezes...

Sabem o que significam 140 km em 5 horas e meia? Média de 25,5 km por hora, na verdade um pouco mais, pois ele necessitou tirar o atraso dos dois remendos...; significa ainda que subiu pesado, "socando a bota" como ele mesmo disse, as ladeiras difíceis da prova...

Na competição do ano passado, ele conta que mal conseguiu chegar... Em um ano, de Carniça a Campeão, um exemplo de devoção, de muito treino e muita garra, sobretudo força de vontade. Ontem, brincando com ele que eu andaria junto dele, ele sorrindo me disse que diminuiria a marcha...


Um outro amigo, desta feita do trabalho, embarcado na Plataforma de petróleo Piranema em águas profundas, também ciclista, cinqüenta anos, categoria Master de Remo Masculino, na Regata Almirante Tamandaré, durante as comemorações da Semana da Marinha do Brasil, sagrou-se também Campeão.

Adilson Correa chegou na frente de todas as categorias, de todos os outros competidores; o segundo colocado tinha pouco mais de 20 anos...

Reportagem com entrevista, no linque http://emsergipe.globo.com/mediacenter/?id=33720

O trecho remado contra a maré do rio Sergipe, naquele horário enchendo, da Barra dos Coqueiros até o Cais da Marinha, aproximadamente de 3 km, foi realizado em 8 minutos...

É muito chão, digo, muita água por minuto..., 375 metros para ser exato.

À noite ele também pedala conosco e já mandou avisar que estará presente, não sei se de Papai Noel, na pedalada que faremos até os orfanatos no próximo dia 22, com nossos presentes.

Pernas e braços, Ricardo Hsu na Bicicleta, Adilson Correa no Remo, ambos fazendo bonito para a meninada fazer igual...

De dia o trabalho, nas folgas os treinos, empenhos diários, todos os dias...

Exemplos não são simples; normalmente não são facilmente carregados..., nem tampouco pesam muito, diante das determinações e disciplinados compromissos, assumidos sempre em nome de um amor pelo que se faz.

Parabéns ao Ricardo Hsu e ao Adilson Correa, orgulhosos cada um com suas medalhas; parabéns a todos nós em conhecê-los...

Mais Vitórias chegarão em 2010; assim está escrito em cada estrela...

* * *
12.882..?, ou 12.887..? Que confu..., digo, fraternização é essa!?
(Paulo R. Boblitz - dez/2009)


Não sei bem ao certo..., nessas alturas..., depois de algumas cervejas..., mas hoje foi a confraternização d'Os Zuandeiros..., casa do Eduardo, churrasqueiro Bruno, organização nota 10 apenas depois do atraso, aquele que quase nos matou de fome e sede...

Enfim foram chegando aos poucos, Zuandeiros e mais Zuandeiros...

Chegou o Sílvio com sua bici sobre o teto do carro, depois o Lourenço pedalando na própria, e todos os outros em busca de sorrisos e alegrias que normalmente acontecem nessas horas em que todos se juntam para comemorar, mais um ano de pedaladas, de trilhas, de convívios nas curvas redondas que toda roda gira em ciclos...

Piadas, histórias, troças e tantos outros assuntos que não faltam nas línguas travessas de quem se junta para comemorar...

12.882, ou quem sabe 12.887, ou sei lá qual número seja na verdade, pois não importa a inscrição em si, mas a vontade e o ímpeto de participar da mais importante e tradicional prova de corrida maratonista brasileira, a internacional Corrida de São Silvestre em São Paulo, quase na virada do ano para 2010.

Suzana, médica de corpos enfermos, com um dedo torto pelo acidente durante os treinos, cinqüentona menina nos anunciou da sua participação, toda prosa e confiante naquela corrida...

Difícil será vê-la, pequenina, no meio de tanta gente, ainda mais correndo...

Mas torcer já é querer..., e nossa amiga haverá de terminar a prova em qualquer lugar, bonito seria se em primeiro, mas para nós isso pouco importa, pois aqui como lá, também Zuandará...

Carne teve de todo jeito, só não de gato, avestruz e javali; o vinagrete sem vinagre também estava ótimo, junto com o feijão tropeiro e o arroz ligadinho. Faltou somente a farofa, que ninguém lembrou de fazer...

Misturando tudo, a cor do feijão com as verduras, o arroz balanceando os tons, a cerveja regulando o mastigar, a conversa de todos falando ao mesmo tempo, a música se intrometendo, a fumaça de vez em quando também querendo participar, fez com que fôssemos nos entendendo a tarde inteira, numa boa Babel, até que o primeiro foi embora, o segundo também, mais um pouco o terceiro, até que chegou a minha hora, sei lá em qual lugar, deixando já noite, a boa turma que lá ficou.

Ano que vem vou levar o meu tabule, quem sabe o meu quibe de frango, e desde já desafiar a quem saiba preparar uma boa farofa, afinal, nem só de carne vive o homem...

Dois mil e dez está chegando, e logo Janeiro começará a reinar, nos propiciando a primeira trilha noturna a caminho de Brejo Grande, histórias se renovando e somando, para fraternizarmos no próximo ano, um calendário de trilhas percorridas, numa bela tarde domingueira, sem pedais e suores.

A todos que fizeram Os Zuandeiros neste ano, um natal bonito cheio de paz, muitas alegrias além das conquistas, muita saúde para as trilhas vindouras, muita união principalmente, muitas solidariedades.

Como família, é também o que Os Zuandeiros desejam.

* * *

Natal com os pedais...

Meus amigos,


Hoje cedo quando pedalava para o Mosqueiro, junto com uma porção de gente feliz, pelo meio do caminho fui abordado pelo Aranha, amigo ciclista que fez o Caminho de Santiago pedalando:

- Boblitz!, gostaria que você fosse conosco, pedalando, até o orfanato Lar Infantil Cristo Redentor, ali no 18 do Forte, para darmos presentes às crianças; foram abandonadas pelos pais, ou sofreram algum tipo de agressão.

- Como somos muitas bicicletas, estamos arranjando mais instituições para também visitarmos - continuou o Aranha.

Enquanto ele convidava, ia me lembrando do porquê dos natais serem tristes, quando uns ganham o que não precisam, e outros nem amor recebem...

Concordei de imediato, já visualizando o Aranha muito magro, vestido de Papai Noel...

- Sairemos de onde sempre saímos nas terças, no dia 22 de dezembro, às 8 horas da noite. Apoiando a nossa iniciativa estão o Aracaju Pedal Livre, Os Zuandeiros, Pedal Suado, Ciclo Urbano e Bicicletada Aracaju...

Enquanto ele ia falando, na mente já começava a escrever para todos vocês, a grande maioria sem poder assumir o compromisso, pois que aqui em Sergipe não vive, mas, onde residem bem poderão fazer uma criança feliz..., à maneira de cada um, com o tamanho de coração que todos vocês têm...

Aos que aqui residem, pertinho dessas crianças, convido em nome do Aranha para sairmos piscando numa noite especial, como se fôssemos as renas de Papai Noel, para que os tantos olhinhos deslumbrados nos possam ver chegar, e naquela noite, e nas outras próximas a ela, esqueçam das infelicidades que têm, não ter um lar, não ter uma família, não ter sequer um carinho que toda criança que conhecemos tem.

É triste escrever sobre isso...; mais triste será dar adeus a todas elas...

Não temos nenhuma culpa nisso tudo; não podemos resolver o problema delas, que nem sequer é um problema, mas uma vida inteira deles...

Não é muito o que daremos a elas, apenas presentes para crianças que sempre adoram presentes para brincar, baratinhos para que todos possam participar, mas em muito será a alegria naqueles pequeninos, o dia em que Papai Noel apareceu de verdade..., com todos nós ajudando...

Garanto que vocês ficarão mais alegres do que a garotada...

Garanto que irão querer repetir a dose...

Garanto que irão repensar a vida que levam, e a dos filhos que têm...

Seja você de qualquer religião, nesse dia seja apenas humano...

E você que mora aqui nessa beleza de cidade e não pedala, pegue seu carro, esqueça um pouco de si e se doe, vá até os orfanatos em que estaremos, ou a algum asilo, algum hospital, levando principalmente o seu calor...

As crianças são ainda muito jovens para entender, mas elas sentirão muito mais a nossa falta, do que ao brinquedo quando ele não mais existir...

Mude a sua rotina, não custa nada...; vá você mesmo se emocionar.

Lá fora existem crianças tão maravilhosas quanto as nossas, no entanto portadoras de câncer, aids, e paremos por aqui na enumeração de tantas desgraças, que você, graças a Deus não padece...

Não perca essa chance; ela, com certeza fará diferença...

A todos vocês, um grande abraço; felizes são, por terem alguém mandando...


Boblitz


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