Fui processado...

Se em todos os grupos, fui convidado a participar...

Se todo membro pode opinar...

Por que comigo seria diferente?


Fui processado...
(Paulo R. Boblitz - jul/2013)

Há quase um ano, fiz uma pergunta sobre Ética, a membro dos Zuandeiros que publicava convite em espaço alheio. Recebi como resposta, gracejo sobre meus cabelos brancos, como se eu não tivesse responsabilidade.

Algumas horas depois, sofri ofensas pessoais e desqualificações.

Estávamos no veiculador de abobrinhas, Facebook.

Dois dias depois partia para Santa Catarina, sem carrinho de apoio, sem ninguém me apoiando, para pedalar sozinho pelo roteiro que havia planejado, 16 dias Pelas Terras de Santa Catarina, terra linda e maravilhosa de grandes montanhas, e de gente hospitaleira...

Quando voltei para casa, poucos dias depois recebia intimação, que mandava que houvesse uma retratação de minha parte.

Não era hora de discutir, mas sim de cumprir a determinação judicial.

Não me retratei como eles queriam...; não me humilhei como eles queriam...

Emiti e publiquei um esclarecimento, em todos os Grupos em que havia me manifestado. Um dos associados deles, sabido, utilizando-se de método rasteiro, arrumou forma para que a minha declaração fosse também publicada em meu perfil.

Eles queriam ver-me humilhado perante meus outros amigos, que não são ciclistas...

Chegaram ao píncaro do momento tão ensejado: "curtiram" minha declaração, mas um curtir diferente, carregado de deboche, como ficou comprovado mais tarde quando contestaram em juízo, aquela minha Declaração.

Eles também queriam dinheiro: R$ 10.000,00

Numa exemplar e belíssima Sentença, a Dra. Juíza Revogou a tal "Retratação", ou seja, tornou nula a retratação a que eu tinha sido obrigado.

Continuando inspirada, a Meritíssima rejeitou todos os argumentos por eles apresentados; eu não havia cometido crime algum...

Inconformados, recorreram da Decisão...

A Magistrada tornou a rejeitar, mantendo toda a Sentença...

Agora vamos ao que interessa:

O Portal do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe: http://www.tjse.jus.br/portal/

Clicar em Consultas - Processual (ver na coluna do meio)

Informar o número do Processo: 201212101026

Quantidade de Movimentos: escolher TODOS (porque foram muitos movimentos; dessa forma, a Sentença aparecerá; vale a pena lê-la - está uma jóia)

Informar o Código de Segurança (às vezes, o Portal solicita que se repita o código)

Procurem por Sentença na Íntegra...

Leram a Sentença? Descobriram o principal interessado?

Inconformados, apelaram para a Segunda Instância...

Eles queriam dinheiro: DEZ MIL REAIS...

Por unanimidade, os Desembargadores mantiveram a Sentença anterior (verificar clicando no número da Apelação - o Acórdão também está uma jóia).

Para os mais apressados, recomendo irem direto ao ponto, lá perto do final de cada Sentença. Por favor, leiam com bastante atenção...

Tirem suas próprias conclusões...

Esse é o meio ciclístico? Não, não é..., assim me informam os tantos Grupos que planejam e se convidam a pedalar...

Cansei de ver o Presidente daquela associação, em pé sobre um banco na 13 de Julho, em horário e local da Concentração do Aracaju Pedal Livre, o mais antigo e bonito Grupo de Ciclistas de Aracaju, a fazer convite para seus passeios pagos.

Depois que me acheguei a eles, depois que eles começaram a publicar as minhas Crônicas, aquele banco foi esquecido...

Me processaram atrás de dinheiro, DEZ MIL REAIS, disseram até que eu havia sido banido, embora deles eu tivesse me afastado há um bom tempo, no entanto eles mantêm até hoje as minhas crônicas publicadas no site deles. Até o "Quem Somos" deles, fui eu quem escreveu, de coração... Aqui entre nós: ficou lindo o "Quem Somos" que escrevi..., mas aquilo lá, sou eu, apenas eu...; aquele texto, para quem bem me conhece, é a minha cara...

Àquela minha primeira pergunta, que até hoje não foi respondida, junto mais outra: Se fui banido, quando é que apagarão as minhas Crônicas? Precisam delas, como precisam dos espaços alheios?

E para aquele moço que achou que foi inteligente, quando de forma desleal publicou a minha Declaração em meu próprio Perfil, vai o aviso:

Esta minha RETRATAÇÃO de agora, está sendo publicada no Brasil inteiro, até no exterior...

Aos meus Leitores, basta uma busca no Google, pelo meu nome: Paulo R. Boblitz; verifiquem com seus próprios olhos...; verifiquem onde as minhas crônicas estão abrilhantando... Verifiquem quanta hipocrisia... Me processam atrás de dinheiro, mas mantêm as minhas crônicas...

DESAFIO A TODOS ELES, BANIREM-ME DE VERDADE...

Por favor, tirem suas conclusões...

E agora está na hora de fazer propaganda de minha bonita e competente Advogada, minha Nora, a Dra. Irislene Guimarães Boblitz. Qualquer coisa, é só entrar em contato comigo.

Aos meus amigos que me lançaram palavras boas, palavras de apoio, o meu reconhecimento, o meu agradecimento, o meu abraço, e um aviso:

Que me perdoem os que me convidarem para pedalar, porque se eu chegar e encontrar a camisa daquela loja ligada a eles, ou encontrar a camisa deles, darei meia volta e irei embora pedalar sozinho. Espero realmente que possam me entender.

Aos amigos que costumam postar as tais duas camisas, ou tais passeios no Facebook, todas as vezes em que meu Feed de Notícias mostrar alguma coisa deles, bloquearei quem tiver postado...

Esperneios, chiliques, comentários contrários, desaforados, aparecerão? Não me importo...; a nenhum deles darei resposta... IMPORTAM AS CONCLUSÕES DE CADA UM VOCÊS, A SENTENÇA E O ACÓRDÃO..!

Atentem:

Fato 1 - não estou achando nada; não é assunto para achismos...

Fato 2 - foi a Justiça do nosso Estado, que se pronunciou, três vezes...; que discutam com Ela..!

E agora, se me permitem, preciso terminar meu novo roteiro...

* * *

Dia de cão...

Preparados sempre estamos,

ou pensamos...

Gostoso mesmo, é descobrir,

estarmos prontos para o limite...


Dia de cão...
(Paulo R. Boblitz - jul/2013)

Dia de cão é aquele dia em que tudo dá errado, mas cães são os nossos, sem contestação, melhores amigos...

Não entrando no porquê da expressão, o nosso dia, foi um dia de cão...

Thiago Santin, que mora em Porto Alegre, é irmão do meu amigo Rogério. Estando ele de férias em Aracaju, precisávamos fazer um bom pedal. De início, planejamos uma viagem até Paripiranga, via Itabaiana, Frei Paulo, Pinhão, Simão Dias, e por último, Paripiranga, distante apenas cerca de 7 quilômetros de Simão Dias. Seriam cerca de 130 quilômetros...

O planejamento até foi concluído, mas esbarrou na hospedagem; nenhuma vaga, em Paripiranga, e em Simão Dias... O porquê? Faculdade AGES, em Paripiranga, que lota hotéis e pousadas da região, com a meninada que quer estudar.

Ficamos sem opções, mas a criatividade resolve tudo: Rogério deu a idéia de irmos até Itabaiana, visitarmos o Parque dos Falcões, e voltarmos; o passeio seria realizado...

Marcamos a saída de minha casa às 6 da manhã, num dia bastante nublado que prometia pancadas de chuva, condição ideal para quem o Sol machuca.

- Boblitz!? Vamos nos atrasar um pouco - comunicou o Rogério, informando que o pneu dele necessitava ser reparado.

Aquelas 6 horas transformaram-se em 7 horas e 20 minutos, quando efetivamente partimos, mas tão logo nos aproximamos da saída da cidade, o mesmo pneu apresentou problemas.

Já havíamos pedalado 20 quilômetros, quando o meu pneu resolveu furar; o acostamento está cheio, literalmente inundado com pedrinhas desgarradas da recapagem.

Partimos e bem no início de Areia Branca, paramos numa daquelas barracas com frutas; chupei três tangerinas, e os dois irmãos comeram amendoim cozido. A barriga já informava a proximidade da hora do almoço, 10 e meia de uma manhã que já afugentava as nuvens...

Estávamos próximos da entrada do Parque dos Falcões, mas nenhum de nós havia se lembrado de agendar nossa visita; o encontraríamos fechado, então que tratássemos de primeiro almoçar...

Vimos uma espelunca, vimos outra, vimos o que nos pareceu um bom restaurante, e acabamos decidindo comer no Recanto da Serra do Pirata, bem mais distante, onde a fresquinha estava maravilhosa, ao sabor dos tantos verdes em que os Nelores pastavam; ao fundo, a Serra de Itabaiana indolente a verter suas águas em cachoeiras e riachos, como já conhecia desde a semana passada.

Partimos, e agora contra o vento, ar condicionado ligado, fazíamos mais força nos pedais. Chegamos na entrada onde está sendo erguida a Igreja São Francisco de Assis. Ela já está pronta para os cultos; o que falta, são acabamentos...

Descemos de nossas amigas e a fomos visitá-la, encontrando uma gostosa mistura de comum e luz, silêncio e poeira, meditação e Cristo. Um nome sugestivo ao iniciarmos o caminho até o Parque dos Falcões, que cuida de aves peregrinas feridas e maltratadas pelo homem, que bobo interfere na Natureza, apenas para o próprio deleite, sempre perverso...

São Francisco de Assis era amigo dos animais, sendo retratado sempre rodeado de pássaros...

Em frente à porta principal do jeitoso templo, de um Orelhão desajeitado, ainda tentei ligar para o José Percílio (http://www.parquedosfalcoes.com.br/), um sujeito simples, sonhador, que ainda criança começou seu amor pelos pássaros, e hoje faz dormir um Carcará, aquele que "pega, mata e come", símbolo do Nordeste faminto e seco, esse mesmo que há séculos é tratado de forma abjeta pelos tantos políticos canalhas que somente prometem, para depois lambuzarem-se nas carniças ainda vivas... Nem Urubu, que vocês têm tanto nojo, faz isso...

Precisávamos chegar até o Parque dos Falcões, uma subida relativamente curta de cerca de 100 metros, e cuidamos; não via a hora de conversar com o Percílio...
Extremamente, na defensiva...

Tivemos a sorte de sermos encaixados numa visita que havia começado naquele instante, e fomos ouvindo as explicações do Guia, que a cada pássaro, discorria sobre os hábitos daquela criatura, bem como das condições precárias em que aquela ave ali chegou. Repito: Uma águia, um gavião, não podem ser tratados como um pobre canário, ou um curió, que prisioneiros, cantam bonito seus próprios lamentos...

Nitidamente vemos pássaros magníficos, senhores dos ares, hábeis caçadores, psicologicamente perturbados, sofredores, pois que a mão do homem os tocou...

A tristeza não está presente em todas as aves. O Carcará que coço a cabeça, chega a dormir com tanto carinho...

Esperei uma boa oportunidade e me aproximei de Percílio; queria saber se poderíamos deixar nossas bicicletas ali guardadas, enquanto subíssemos a Serra de Itabaiana, ao que ele respondeu que sim, até ensinando a trilha que deveríamos utilizar, dando tempos de subida e descida.

Feliz, saí dali mais cedo, pois era bem mais lento do que meus amigos, e a tarde já ia avançada...

Logo depois da descida do Cafuz, eles me alcançaram, mas faltava muita coisa até Outeirinhos, e a noite já se aproximava... Para piorar, meu pneu resolveu furar novamente... Tratamos dele e fomos embora, eu num ritmo além do meu, o que me cobraria dividendos mais tarde, porque me sinto mal quando atraso alguém...

A noite chegou, e com ela a escuridão que não nos permite ver por onde caminhamos. Estávamos os três sem faróis, coisa que daqui para a frente, não mais deixarei que ocorra, porque não sabemos o que pode acontecer durante o percurso...

Rezei para que a estrada se enchesse de carros, para que meu caminho fosse iluminado, pois temia um buraco maior pelo acostamento, e é lá onde eles costumam ficar, pois acostamento não é utilizado, a não ser por veículos parados; acostamento sempre é desprezado...

Finalmente chegamos onde os postes lançavam suas vidas, e terminamos nossos pedais, cansados, suados, felizes e mais experientes...

Fiz minhas contas e há pelo menos 4 meses estou sem pedalar; não é à toa, que tudo me dói... Foram 110,8 km, 1.078 metros acumulados em subidas, 9 horas e 47 minutos de efetivo pedal...

Dia de cão, dia de gato, não importa qual dia seja; importa que voltei, que essa coisa que gira, novamente está girando, como essa coisa de vida, uma hora por cima, outra hora por baixo...

* * *

Programa de índio...

Índio é aquele que vive na mata,

que conhece os caminhos do sertão,

cada raiz, cada pé de pau...

De vez em quando,

de bicicleta ou a pé,

faz bem virar índio...


Programa de índio...
(Paulo R. Boblitz - jul/2013)

Estava parado há pelo menos uns três meses, apenas esforçando-me no Pilates e no Google Earth, a navegar por estradinhas tortuosas e convidativas, cheias de poeira e vida.

- Seu Paulo, vamos nesse sábado, subir a Serra de Itabaiana? - perguntou a minha Tia, minha professora no Pilates, a Fisioterapeuta Dra. Marcela.

Olhei para ela por instantes, pois contava mentalmente os 20 segundos que ela havia determinado naquele exercício, e não mais do que esse pouco tempo que faltava, já estava decidido para a empreitada.

O convite chegava como pontapé inicial para aquilo que estou necessitando: subir e descer, pelo menos 3 vezes no mesmo dia, a Serra de Itabaiana. Quando assim conseguir, estarei pronto...

Terminada a pequena contagem, fiz que sim com a cabeça, obtendo mais detalhes: iriam também uma Bióloga, alguns universitários de Biologia, e a Guia, que gosta de escalar.

Desenterrei minha mochila pequena (não estava cheirando a mofo), separei minhas duas caramanholas que utilizo na bicicleta, o canivete, o protetor solar e o boné legionário. Já estava pronto...

Vesti a mochila e constatei que estava mais magro, bem mais magro, pois a barrigueira em nada segurava. Aqui, um parêntesis: mochila é como uma camisa; não deve estar apertada e nem frouxa, mas sim fazer parte de suas costas.

Lembrei dos preparativos para o Caminho de Santiago, com a mochila maior, descobrindo aos poucos, a utilidade das tantas correias de regulagem, pois que sem ela ajustada, parecemos cães com os rabos quebrados...

Na cabeça, imaginava que subiríamos por algum caminho de burro, aquela vereda estreita sem vida, de tantos caminhares, que sobe serpenteando a encosta. Estava enganado...

O início já dava sinais de que a trilha seria muito molhada, pela lama preta a ser ultrapassada... Lembrei das tantas vezes que andei pelo mato, e procurei as moitas e touceiras, mas estas estavam todas empenhadas em pintar meus tênis e meias de preto.

Em pouco tempo, o primeiro riacho a ser cruzado... Mergulhamos os pés na água gelada e límpida, a correr por entre pedras, limpando a lama arrebanhada...

A manhã mostrava o sol entre nuvens acinzentadas, fresquinha e saborosa que qualquer clima serrano gosta de apresentar; vez ou outra adentrávamos campo aberto, e ele, o astro de todos os dias, se nos achegava em fagulhas mornas...

A poesia, rápida se deu conta de mais espinhos, e mais lama apareceu; à nossa direita, riacho fogoso por entre pedras, a fazer barulho de rio grande...

Dessa vez a lama se misturava a valetas erodidas, onde o escorregar era convidativo. Lembrei de Santiago e sorri por dentro, pois que montanhismo aprova a ginga.

Não subimos e descemos montanhas como se estivéssemos num calçadão; cintura e joelhos trabalham em conjunto, amortecendo a tudo, dançando a música dos saltos e impulsos...

Paramos na segunda cachoeira, barulhenta, e o acampamento desarreou... Haviam trazido comida para uma semana... Bebiam água como se ela não fosse faltar, e não faltou, para meu devido sossego...

A juventude nos mostra que estamos velhos, porque brincam, cantam, não levam as coisas com a seriedade que levamos, não se prendem aos cuidados que tomamos, mas, por que somos chatos? Porque já vimos acontecer, já conquistamos a experiência do ter vivido...

Montanhismo tem muitas músicas que você precisa saber escutar, porque todas elas são diferentes. Mente e alma se juntam para receber, os silvos, os pios, os sussurros da relva, a água que corre, as pedrinhas sob nossos cascos moles, o sol que nos brinda em cores, a galhada que nos acaricia enquanto vamos passando...

O silêncio é o nosso melhor aliado...

É ele quem nos faz viajar e sonhar, ver e observar, notar e guardar, enfim aprender e apreender todas as lições raras que a Natureza nos apresenta em aulas carregadas de amor...

Mas um grupo também nos ensina outras muitas coisas: a contagiante alegria que não pára de andar em círculos, a solidariedade onde as trocas não significam ganhos, pois que trocamos comidas nas horas de descanso, e ajudas nas tantas travessias...

Vi uma faca de mesa serrilhada, dessas que utilizamos para cortar o bife com a ajuda do garfo, vi sal para temperar o ovo de codorna, vi garrafa térmica com café, vi a recolha de lixo alheio que veio pesar juntando-se ao que produzíamos; doideira..!

Vi degraus de pedras que em desordem nos fizeram subir, vi calçadas que em capricho a Natureza produziu, vi dois paredões que me fizeram pensar..., havia ficado maluco...

Vi o que adoro ver, vida que nos ensina a viver, aquela mesma que se agarra e entranha na difícil existência, porém não deixando de tentar...

Vi a água em vida, vestida em gala, densidade em pratas...


Vi a conquista, vi o medo sendo superado, vi o falcão em vôo senhor e solitário, o urubu em sobranceiro planar, vi o longe que faz sonhar, esse mesmo horizonte que nunca parou de fazer o homem caminhar...

Vi os 9.050 metros que foram percorridos, os 435 metros ganhados... Fui dormir cedo; acordei todo quebrado...

Mas tudo isso passa, novos cansaços virão, a cada um mais fortalecendo os músculos d'alma, esses em que o professor é você mesmo, dando aulas para si próprio...

* * *