Cajueiro dos Papagaios (parte 2)

Lembrando de uma amiga,

que do tempo tratou,

tempo teve, sempre tem,

sempre ajudando alguém,

a quem tempo não tem...



Cajueiro dos Papagaios (parte 2)
(Paulo R. Boblitz - mar/2010)


Cento e cinqüenta e cinco anos para uma cidade, não é nada, e Aracaju, como qualquer criança, cresce a passos largos...

O crescimento se dá por conta dos aracajuanos, e por tantos que descobriram Aracaju e a adotaram como a terra deles, como se aqui tivessem nascido.

Isso acontece, pela simpatia..., pelo calor do povo que, festivo e sempre participativo, encara qualquer obrigação com muita seriedade. Enquanto ia escrevendo estas últimas palavras, ia também me lembrando de muitos fatos que me aconteceram, e que vez ou outra, continuam acontecendo.

Não sou daqui, oficialmente, mas de coração, há muito que fui conquistado...

Agimos com os outros, conforme nos comportamos; o que quero dizer é que, se confio nas pessoas, é porque primeiro, sou direito...

Certa vez, na praia com a família, comemos, bebemos, nos divertimos e chegou a hora de pagar a conta. Procurei o dinheiro no bolso e não encontrei; pedi à esposa, pensando que estivesse na bolsa dela; ela pensava que estava comigo... Resultado: havíamos esquecido o dinheiro em casa. Olhei para o atendente, que já me olhava diferente, e lhe perguntei quem era o dono...

Meio sem graça, expliquei a trapalhada e solicitei um tempo enquanto ia correndo em casa, buscar o que esquecera.

- De jeito nenhum!!! - me respondeu o dono do bar, ali próximo onde hoje é a Mãe Gorda; e continuou, num sorriso bem franco:

- O senhor vai para casa, leva a família, não precisa deixar nenhum documento, e quando vier à praia novamente, o senhor passa aqui e paga...

Era um sábado... No domingo não pretendíamos vir novamente à praia, mas viemos e pagamos, e ficamos amigos por um bom tempo...

Um outro caso aconteceu quando eu, resolvendo um problema lá no Departamento de Trânsito da cidade, encontrei um sujeito com um caso parecido. Estávamos sentados à frente do encarregado, que pedindo licença, dirigiu-se para os arquivos, a fim de trazer os prontuários. Enquanto ficamos sós, aproveitei e perguntei ao sujeito ali ao lado, onde eu poderia comprar um peixe fresco. Ele respondeu:

- Comigo mesmo!, pois tenho um barco ali no Mosqueiro... - e foi desenhando num papel, o mapa de como eu poderia chegar até a casa dele.

Num belo final de semana, numa ida à praia, combinei com a esposa para passarmos lá no Mosqueiro, já que não ficava muito longe, e comprarmos o peixe que tanto gostamos. Dito e feito, chegada a hora de irmos embora, nos dirigimos à casa pelo mapa desenhada, e nos atendeu a esposa do pescador. Ele não estava, mas ela poderia nos atender, já nos mostrando uma boa quantidade de freezers, com as variadas espécies.

A cada peixe bonito que nos interessávamos, ela respondia que não sabia o preço do quilo; que esse assunto era com o marido dela. Então fomos tentando nas outras espécies, pois algum preço ela haveria de conhecer, mas acabou não sabendo de nenhum. Virei para ela e disse:

- Senhora!, depois então a gente passa aqui de novo, e aí compramos o peixe... Já estávamos nos dirigindo para o carro, quando ela nos interrompendo, falou:

- Vamos fazer assim: vocês escolhem o que quiserem, a gente pesa e anota; depois vocês ligam e a gente vê como fazer para o pagamento...

E assim fizemos, e já estávamos saindo, todos no carro, motor ligado, primeira marcha engatada iniciando o movimento, nos despedindo, quando a esposa do pescador nos apontou um outro carro, informando que ele estava chegando. Saltamos novamente, pagamos a conta e fomos embora, e por muito tempo compramos peixes com eles...

Ainda hoje quando necessito de qualquer informação de alguém passando, escuto 4 ou 5 vezes a mesma explicação de como chegar ou encontrar aquilo que estou precisando, face à intensa preocupação do sergipano, para que eu seja feliz em meu intento. Não raro, pessoas que se dirigem num sentido contrário ao meu, invertem o sentido apenas para bem me ensinar o caminho, me acompanhando. Isso não é para qualquer um; isso só consegue fazer, quem tem o coração aberto, quem está sempre feliz, principalmente com a própria terra onde vive, alegrando-se em mais gente receber, não importa de onde tenha vindo.

Assim é Aracaju, assim é o Sergipe inteiro, passemos por onde estivermos passando, encontraremos sempre o sorriso hospitaleiro, o orgulho em mostrar que tudo isso em que pisamos, é terra abençoada por Deus, e por isso é bela e gentil.

Assim precisamos continuar sendo, mantendo essa tradição que poucos povos têm.

Venha pedalar, participar e abrilhantar, juntar-se somando a tantos outros orgulhosos aracajuanos, dizer que ama esta cidade...

As inscrições estão abertas até esta sexta-feira, dia 12, no Portal da Mobilidade (www.smttaju.com.br), ou no sítio da TV Sergipe (http://emsergipe.globo.com.br). Passado este prazo, haverá nova oportunidade na concentração no alto da Colina do Santo Antonio, a partir da 7 horas.

Inscreva-se e participe dos diversos sorteios de bicicletas, capacetes e lanternas pisca-pisca; convide um amigo, peça para este amigo mais amigos convidar, transformando essa energia em significativa participação, demonstração de amor pela terra que devolve tanto amor também.

Para que este orgulho fortaleça e mais aumente, estará o Professor Mestre Samuel Albuquerque, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, contando a História de nossa gente, sempre quando passarmos num ponto histórico e tradicional, e serão muitos, de acordo com a riqueza cultural que aqui sempre se fez presente.

Ao final desse evento, mais um parágrafo na extensa História de Aracaju, a festa então para valer, começará, sob a batuta de vários artistas e bandas convidados, e aí já será futuro, a você conhecer passado com a própria participação, e poder gritar ao som de baixos e agudos:

EU SOU ARACAJUANOOOOOO..!

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