não ha beleza sem dores,
não há pureza sem arestas,
não há liberdade sem sangue...
Voltando para casa... (nono dia)
(Paulo R. Boblitz - 20/set/2013)
Talvez num dia assim, 20 de setembro de 1835, amanhecer também chuvoso e friorento, os Gaúchos declararam guerra ao império, declararam sua independência, conquistaram para si, revoltosos, o domínio de seus próprios destinos. Iniciava-se um período de 10 anos, o tempo que durou a Guerra dos Farrapos, ou Revolução Farroupilha, quando de fato existiu a República Rio-Grandense, uma nação independente...Garoava fino quando começamos nossa visita ao belo templo todo em pedras, a igreja matriz São Pedro Apóstolo; doze Graus, como os Apóstolos, informava um frio gostoso a conspirar com o tom cinza de todas as coisas...
Ali eu vi um pequeno quadro, simples papel emoldurado, muito amor a ensinar; dizia: É NATAL, sempre que nós damos atenção a alguém...
Seria um dia com muitos raios e trovões, quem sabe a lembrar dos tantos canhões daquela guerra..?
Nosso primeiro destino era São Francisco de Paula, onde o relógio da matriz marcava certinho, 13 horas, 32 minutos. Agora procurávamos pelo Banco do Brasil, em frente ao Monumento ao Chimarrão, também conhecido por A Cuia. Desci para tirar dinheiro, lá encontrando um bom gaúcho, que procurava fazer a mesma coisa...
- Ráa-tá-tá-tá-cabruuuummmm..., rasgou um trovejar de tiros com lampejos que azulavam os ares... - São Pedro estava festejando...
Virei para o gaúcho, enquanto a máquina processava o meu cartão, um sujeito de chapéu largo, coco baixo, poncho a cobrir-lhe até aos joelhos, botas de couro a chegarem-lhe até aos joelhos, e lhe falei:
- Dia do gaúcho..!
- Perdemo a guéra, mas festejamo...
Zeramos o hodômetro e saímos em busca de nossas próprias marcas, nossa batalha daquele dia, pois que mesmo numa guerra, as belezas não se escondem, os amores não se contraem, Deus apenas, reduz um pouco a luz...
- Ráa-tá-tá-tá-cabruuuummmm..., rasgava outro bom rojão, outro bom clarão enchendo os ares de ozônio...
Nossas marcas pareciam como as notas musicais, certinhas e afinadas, não tão muito clássicas, pois as gotas nos embotavam as vistas, nos prendiam à tripa feia de asfalto, janelas erguidas, mundo cá dentro, mundo lá fora...
Assim chegamos em Torres, onde não mais encontramos vagas no estacionamento do hotel, um prédio de 5 andares, lotado para o fim de semana, como!?, se chovia há tantos dias..! Piscina aquecida no segundo andar...; não estavam nem aí...
Nos instalamos, tomamos um banho gostoso e saímos para comer uma pizza, debaixo de uma chuva insana... Comemos e fomos embora, debaixo da chuva que não aplacava... Adormecemos, e a chuva continuou; estava resoluta...
Dia seguinte, subiríamos a serra do Faxinal...
* * *

Legal... gostoso de ler o relato... e as fotos ilustram bem as situações. Cicloabraços Joaozinho
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