Rumo a Gramado...

Um ano de planejamento,

e mesmo assim,

nem tudo sai como planejado...

O sol aparece quando quer,

as nuvens se avolumam segundo suas vontades,

o frio, a chuva, a paisagem,

aparecem quando lhes dá o ar da graça.

Assim seguimos, assim curtimos...


Rumo a Gramado...
(Paulo R. Boblitz - set/2013)


Eu devia o passeio para a Esposa, porém ela não pedala. Gosto de utilizar o Google Earth para fazer os meus roteiros, viajar navegando pelas estradinhas que vamos acompanhando nitidamente, ou tateando na opacidade das imagens.

Existe algum risco? Sim, mas sem eles, a coisa é menos divertida...

Não pedalo ou viajo para chegar, assim, qualquer erro é tratado sem estresse...

Planos podem ser refeitos, objetivos adiados, metas modificadas, afinal passeio é passeio, e não compromisso...

Não gosto de asfalto, onde tudo é muito corrido... Asfalto foi feito para quem tem pressa... Assim, sempre que pude, tracei nossa rota pelas estradinhas de chão, pelos solavancos que nos chacoalham, normalmente pelas vistas que nos deslumbram...

Alugamos um carro pertinho do Aeroporto Hercílio Luz, e a Esposa foi minha Navegadora. Onde ela mandava que entrasse, eu entrava; onde ela mandasse que parasse, eu parava..., exatamente o que estaria fazendo, se de bicicleta estivesse passeando...

Nosso primeiro dia foi Piçarras, mas antes de lá chegarmos, daria conta que esquecera de ligar o GPS, o que fiz quando paramos no primeiro posto de combustíveis, logo depois de Biguaçu, ali bem próximo quando não conseguimos mais avistar o mar belo à nossa direita.

Estávamos com sono, com fome e com sede, pois a noite havia sido varada pela viagem no avião, diga-se de passagem, sem o estresse de como estaria sendo tratada a nossa bici...

Fizemos uma boa parada onde comemos um pãozinho francês com tudo dentro, um café forte sem açúcar para mim, água no rosto, e alegria e vontade novamente instalados, para nós dois...

No quilômetro 68, dobrávamos para Porto Belo; dali passaríamos por Bombinhas, por fim chegando a Zimbros, onde um saboroso Linguado nos aguardava. Arrependo-me de não tê-lo fotografado... Arrependo-me de não ter comido o camarão que depois nos foi apresentado...

Navegadora de primeira viagem, ou simplesmente por cochilar pelo cansaço, a Esposa me enroscou por alguns caminhos, mas nada que a boca que pergunta, não conseguisse descobrir...

E assim, cruzamos o morro, aquele morro tão difícil do meu último dia de Velotour Costa Verde & Mar, cortando caminho e chegando em Porto Belo novamente.

Se você não conhece por onde está trafegando, nada pior do que automóveis fungando e tentando lhe empurrar por detrás... Éramos apenas turistas, passeando sem nenhuma pressa, curtindo todas as paisagens, até os carrinhos de picolé, mas quem é do local e tem pressa que a vida lhe impõe, não tem outra alternativa, a não ser nos pressionar. Sempre que podia, negociava; sempre que podia, abria e dava passagem...

Ainda em Porto Belo, peguei à direita e seguimos por Perequê, Itapema, depois a rodovia Interpraias, chegando em Taquaras e logo a seguir em praia de Laranjeiras, não sem antes passarmos pela entrada da praia do Pinho, onde convidei a Esposa para praticarmos Naturismo, mas ela me devolveu um cotoco... Na praia de Laranjeiras, tomamos o Teleférico para Balneário Camboriú, atravessando a montanha e retornando, não sem antes nos instalarmos num carrinho tipo rolemã, quando voltamos à nossa infância... Querem saber? Eu estava com mais medo do que ela...

Retomamos o carro e partimos para Balneário Camboriú, onde percorremos toda sua orla, subindo a primeira ladeira de nosso primeiro dia de Velotour, passando pelas praias dos Amores, Brava, Cabeçudas, finalmente chegando em Itajaí, onde atravessaríamos o Itajaí-Açú sobre pequena balsa, rio valente que sempre alaga o Vale do Itajaí; do outro lado ficava Navegantes. Estava um dia muito quente...

Partimos e passamos pela orla de Navegantes, bem grande por sinal, até pegarmos à direita, numa estradinha de chão que nos levaria até a praia Vermelha e ao costão donde saltam os Parapentes. Depois Penha e por fim, Piçarras, Hotel July, onde fotografei bicicletas antigas (aquela alavanquinha no meio do quadro, é para levantarmos a bicicleta...), restauradas e mantidas com carinho pelo seu Modesto.

Estávamos cansados; o dia havia sido longo...

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