Reflexões sentadas...

Só existem dois momentos inteiramente nossos: quando estamos debaixo do chuveiro, e quando estamos sentados no trono, aguardando o desenrolar do fato(*); tem gente que até aprecia uma boa leitura...

Momentos em que a mente pode trabalhar sem nenhuma responsabilidade, nenhuma pressão... (opa!)

E hoje aprendi mais uma palavra nova: Bostejar..., que não tem nada a ver com bosta, e tem, pois que significa dizer tolices...

(*) Brasil, Nordeste: intestino ou vísceras de animal



Reflexões sentadas...
(Paulo Boblitz - mar/2008)


Eu gosto muito de queijo, mas não abuso, quer dizer, passo algum tempo sem comprá-lo, mas quando compro, vira e mexe, estou com uma fatia nos dedos.

Pois bem..., acabei comendo demais de ontem para hoje, e sentado aqui olhando as mensagens na net, a barriga começou a dar sinais de volteios e corrupios, aumentando a pressão...

Somos, de modo geral, folgados por natureza, pelo menos enquanto podemos. Assim, fui lendo as mensagens e acompanhando de longe as revoluções, até o momento em que a coisa tornou-se séria, exigindo pronta atuação e um largar de outras coisas tornadas secundárias, para atender os reclames de tantos órgãos em desavenças...

Enfim, uma perfeita teoria da relatividade em andamento prático, onde as prioridades se alternam conforme o aperto...

Fui, portanto, ao trono como todos vocês vão, numa natureza normal e sem pressa, pois que não me fiz esperar, a ponto de deixar o fiofó estressado. Lá chegando, acionei a trava tradicional da porta, aliás, um vaso sempre será um vaso, pois mesmo que numa opção para casal (já vi redes, lençóis, camas, banheiras e tantas outras coisas), jamais seriam ocupados pela dupla ao mesmo tempo. Não seria romântico...

De posse das calças já nas mãos, inteiramente relaxado, sentado como quem espera por alguma coisa, o que condiz com a verdade, pois não sou daqueles que sentam para se livrar de alguma coisa, esperei o vir com paciência. Se quiser sair, que saia, mas que saia com as próprias forças...

Com um olhar perdido no horizonte, logo ali na porta à minha frente, aquele olhar que vemos mas não enxergamos, ainda pude sentir que algo se mexia: era a barriga que se preparava para uma resolução um tanto radical, coisas que não adianta nos metermos...

Dei um bocejo e a primeira estrepitante saraivada saiu de rompante... Dei uma piscada enfadado, e logo mais um pouco, saía uma outra, desta feita mais liquefeita, mas entrecortada de bolhas gasosas pelo meio...

Imaginei o spray por alguns instantes, ao mesmo tempo em que inalava os primeiros efeitos... Não era de queijo..., mas caramba!, de algo muito, mas muito fedido..! Cheguei até a olhar em volta para ver se eu estava mesmo só, coisa dos instintos, coisas do ego, que não aceitam certas verdades...

A coisa amainou por instantes, mas é como naquele negócio do olho do ciclone...; de repente, começa de novo...

E foi o que aconteceu, uma nova tempestade com ozônios diferentes, mais enchente escorchante, afinal, o que estaria acontecendo? Onde é que aquela turma queria chegar?, pois que isso é, de certa forma, falta de respeito..., pois que minha parte eu havia cumprido, me sentado, feito o meu papel, aliás já estava com ele nas mãos, mas a coisa parecia abusar, pois cagar é uma coisa, fazer farra é outra..., e estavam os dois numa pirotecnia danada...

Por instantes eu pensei, finalmente acabou..., e até usei do papel..., só para perder o pedaço...

Num espasmo indolor, numa última cartada, mais água rala desceu de fato... Estavam a gozar comigo..., ou quem sabe os dois em medição de forças...

Olhei para o horizonte novamente, aquela linha do olhar, que horizontal nos leva a algum lugar, e esperei paciente que os dois se cansassem, no caso o cu e a barriga...

E enquanto recostava em busca de maior conforto, pensei na vida e em torno dela, das coisas e jogos que participamos, pois que a vida é feita de riscos, um perfeito jogo de escolhas...

E foi assim que imaginei, caso tivesse cinco cus nesses momentos, que eu bem poderia brincar de loteria...

* * *

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