Partidarismo

(Paulo Boblitz – mar/2005)


Os animais não têm partidos; têm instintos, e por isso vivem a correr atrás de comida, ou a correr para não tornarem-se comida...

O homem com partido, de certa forma é radical; sem partido, é alienado; e de vários partidos, é muito sabido e sobretudo habilidoso...

O animal cuida para viver, e o homem vive para cuidar...

O radical e o alienado, de certa forma vivem bem, pois acreditam no que pensam, e principalmente no que fazem...

O pluripartidarista, profissional, por sua vez, vive bem também, sob o ponto de vista confortável do viver, pois defende enquanto ataca, e ataca enquanto defende, principalmente os próprios interesses...

A diferença entre os homens e os animais fica fácil de estabelecer, mas entre os próprios homens, só a experiência pode determinar.

Existem os sábios e os sabidos, os primeiros sempre bem lembrados, e os segundos, dificilmente esquecidos...

Herói e vilão, ambos passam para a História, o primeiro porque deu de si, e o segundo porque tomou para si...

Ambos se encontrarão ao final de certo tempo, segundo o julgamento e a própria História, na mesma linha de importância, tanto mais quanto mais tempo passar. É a ironia da humana confusão. É o conflito pela comunicação. É o problema da memória. É a questão de como se conta a História...

Muitas vezes, o problema é só de torcida, tornando-se partidarismo. Outras vezes, o problema é de engenharia, tornando-se manipulação da massa. Seja como for, ambos são casuístas...

Por isso a importância da cultura, pois é ela a verdadeira visão, a verdadeira decisão, a real convicção. É com ela que deixamos de lado a alienação, e conseguimos enxergar o herói e o vilão, independente da História...

Fisiologismo e ideologia, têm tênue linha de separação. A comandar os dois, encontra-se o interesse, que a exemplo da maré, ora se eleva, ora se abaixa, não importando a direção...

A tudo isso chamamos de política, que como o próprio nome define, encerra todas as razões...

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