Luna...

Racional é o que raciocina,

que pensa e que inventa,

que faz, desfaz, promete...

Mas a razão nem sempre é lógica...


Luna...
(Paulo R. Boblitz - mai/2012)

Nossa Luna é uma Yorkshire mestiça. Desde o começo, ela foi rejeitada...

Vou explicar melhor: ainda filhote, bem banhada e perfumada, lacinho na cabeça, nos foi oferecida, precisamente à minha esposa, que a acolheu com bastante amor e carinho.

Foi Luna quem quebrou nosso paradigma, de que não se cria cães em apartamentos...

Foi escondida por três dias, tempo em que eu descobri que ela estava sendo criada, rendendo-me também aos encantos que ela nos fornecia; esposa e filhos, todos envolvidos na conspiração de criá-la...

Até tentei fazer ver a problemática de se ter um cão num apartamento, mas fui vencido, principalmente pelos olhares, pelas expectativas, pelos amores que até já respingavam sobre mim, ao ver aquela pequenina mocinha sempre com a língua de fora...

A partir daí, Luna finalmente passou a ter trânsito livre pelos todos cômodos, mas Luna nunca foi um filhote mediano. Ela não roia as coisas...

Descobrimos que ela trazia uma séria doença dentro de si, e achamos a solução depois dos 4 ou 5 Veterinários. Hoje ela está boazinha...

Depois apareceu a Malu, também filhotinha, e eu, fraco pela maturidade, concordei em também criá-la. Malu é uma salsicha, ou melhor, uma Dachshund, cuja personalidade é marcante e muito forte. Parece que ela sabe que é nobre...

As duas se dão muito bem...

Mas voltemos a Luna.

Luna é dramática, é sensível, é sobretudo, amorosa... Noutro dia, meu filho trouxe um filhote que ele começou a criar - ela simplesmente ficou maluca, diante de um ser pequenino e indefeso, grunhindo e chorando, como se muito preocupada estivesse.

Quando meu filho não está em casa, ela se queda deitada em algum recanto, como se a existência só fizesse sentido com a presença dele.

Pois bem, minha filha ganhou um aquário e com ele dois peixinhos... Há dois dias, Luna não arreda pé do pequeno recipiente de vidro, como se o pequeno peixinho dourado fosse uma criatura muito especial para ela, que chora, que nos suplica alguma explicação, ou até mesmo uma maior aproximação, daquilo que ela elegeu como Ser a ser amado.

Há dois dias que Luna permanece deitada aos pés do aquário, de vez em quando lhe dando uma olhada, a ver se os peixinhos ali dentro estão bem. Se fosse um gato, até que poderia estar a paquerá-los para comê-los, mas ela é apenas uma pequena cadela...

Longe disso, Luna é apenas muito sensível, um punhado de amor a proteger a quem ela sabe amar...

Enquanto Malu, no seu jeito indiferente, até meio distante, nos ama do seu jeito, Luna nos informa que se preocupa, que participa em nossos modos de vida, que ama a tudo que amamos...

Luna não sabe o que é a vida, cuja experiência se resume a um pequeno apartamento, no entanto se encanta com dois seres náuticos, coisa que ela nunca viu, mas sabe que têm vida, que tem ânimo, e que sobretudo é bem amado por gente que ela também ama.

Passei agora por ela, e ela está lá, deitadinha, de vez em quando lançando um olhar para um peixinho, que nada sem perceber, que algum anjo zela por ele...

Bem... A crônica atrasou e hoje já são cinco peixinhos. Faz mais de mês que Luna passa o dia inteiro aos pés do aquário...

Sabem o que é mais bacana nisso tudo? É que aprendemos sempre, seja lá com quem for...

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário