Luz...

Há luz no fim do túnel, se ainda for dia...

Há luz em cada ser, se ainda existe a boa vontade...

Há luz em qualquer lugar, se a queremos encontrar...

Há luz onde se possa imaginar...

Não entendo como não ficamos ofuscados...


Luz...
(Paulo R. Boblitz - dez/2010)


Faça-se a luz! E a luz foi feita...

Assim começa toda a nossa saga, quando Deus a tudo iluminou... Talvez tenha sido bem mais complicado, mas a luz explodiu, e com ela, todas as cores...

Um pontinho que brilha, segue e vai embora, e nunca mais retorna...

Tudo nesse Universo é luz. Somos também, pontinhos de luz, pois algum dia explodimos de algum lugar, nunca mais paramos de brilhar, e seguiremos por aí, quando enfim o dia chegar...

Olho a cidade, toda enfeitada, cheia de muita luz, não dessa que usamos para iluminar, mas das que nos servimos para fazer brilhar. Olho e me sinto bem, pois que todas elas transportam vontades que brilham também, nos fazem recordar, nos produzem tons diferentes daqueles em que brilhamos ao longo do ano.

Luz é vida, e vida é luz...

Assim, quando nos reunimos para coisas boas, o luzeiro se amplia, torna-se em farol e corre depressa para o céu, mais um ponto a piscar, nesse teto formidável que nos encanta, nos faz lembrar que não somos daqui...

Passa um risco, e mais outro... Devem ser estrelas crianças, brincando de pega-pega.

De repente um ponto brilha mais... Uma Supernova, como a mãe preocupada, a chamar suas estrelinhas para casa...

Passa outro risco; essas crianças são levadas...

Corremos o mundo num raio de luz, quando sonhamos...

Surfamos num rastro de luz, quando estamos amando...

O brilho fica cinzento e fosco, quando a tristeza ou a saudade se instalam...

Na felicidade, todas as luzes se misturam; é tempo de primavera...

Ao longo da vida, as luzes vão afunilando; é a maturidade...

Ao longo da vida, as luzes vão embaralhando. É tempo de colheitas, é tempo de descansos, é tempo de sal e doce...

Novas luzes que nos surgem, nossas crianças, nossos netos, filhos todos que amamos, luzes que não se comportam conforme a teoria, pois dão voltas, fazem curvas, param e correm, nos enchem os corações, e nos preocupam...

Essa noite, minha cidade ficou mais bonita, me pôs a pensar colorido, como a luz que pisca, ou que risca, nos rabiscos da mente, nossos tempos que passam, nossas correntes que giram, nossos caminhos trilhados...

Pedalei devagar, a sentir as luzes com os ventos, informando alegrias, gente abrindo presente, gente a receber um beijo, gente a receber a luz, gente como a gente, outras luzes, outros firmamentos...

Minha amiga estala e me dá um tranco, me lembra da vida, me avisa que os buracos devem ser desviados, os obstáculos contornados, as ladeiras vencidas, o suor enxugado, as luzes acesas para a vigília...

Por instantes paro de pedalar, deixo ela me levar, produzir o som entrecortado dos pequenos cravos, até que ela, cansada, ameaça parar, momento certo em que nos avisa com o vai e vem do guidão...

Volto a pedalar e tudo pisca, Papai Noel dá uma rasante, joga pó de estrelinhas sobre nós, uma gostosa risada, e como o raio, vai embora, para outros corações...

E você? Já reparou nas suas luzes? Já notou sua cidade mais bonita?

Se não, então pedale mais um pouco...

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