Trilha de Camocim de São Félix - Bonito - Serra Negra (i de iv)

Por um capricho de Deus,

somos os únicos como espécie,

que semelhantes atraem semelhantes...,

em que em batalhas sem sangue nos unimos,

apenas para sentirmos,

o doce sabor da vitória...



Trilha de Camocim de São Félix - Bonito - Serra Negra (i de iv)
(Paulo R. Boblitz - fev/2010)


Vivo dizendo que os nossos Anjos da Guarda, costumam conspirar entre si...

Estava há um bom tempo relembrando do Caminho de Santiago, que ainda não criei coragem para descrevê-lo, embora aqui ou ali, em minhas crônicas, utilize seus ensinamentos...

Recebi uma mensagem do Omar, que havia recebido outra mensagem do Paulo Ribeiro, lá das bandas de Pernambuco, convidando-nos a fazer o Caminho da Fé - nos chamava para o mês de julho deste ano, já nos apresentando linques e Projeto.

A coceira do Caminho de Santiago retornara..., mas julho?, impraticável para nós dois...

E os Anjos continuaram conspirando...

Verificando minha página do orkut, notei uma atualização do amigo Ricardo Hsu (pronuncia-se Chu), que havia postado algumas fotos lá de Pernambuco, precisamente de Bonito, bela cidade fria da região. Mandei mensagem, recebi mensagem e descobri que eles estavam prestes a partir neste carnaval, para duas trilhas sensacionais.

Perguntei se havia vaga para mais um; acabamos indo eu, a esposa e a filha...

Saímos bem cedo no sábado, debaixo de uma leve garoa, e nos perdemos, eu e o Gilton, dos outros carros, Hsu, Max, Sebastião e Marcelo; nos encontraríamos pouco tempo depois num engarrafamento gigante, provocado por um acidente muito sério, bem no meio da ponte que fica ao lado da entrada para a cidade de Capela.

Resolvemos seguir por Capela, dando uma boa volta para sairmos na mesma rodovia, poucos quilômetros depois...; mais um pouco, fazíamos uma parada pouco antes de Propriá, para comermos alguma coisa.

No primeiro carro, Hsu com a esposa Lu e dois filhos, e o Raimundo, numa Fiat Doblò

No segundo carro, Max e a noiva, e o casal Guiné e Dinha, num Fiat Palio.

No terceiro carro, Marcelo e Juarez, num VW Gol.

No quarto carro, Sebastião com a esposa, numa Fiat Strada.

No quinto carro, Gilton com a noiva e o filho, e com minha filha, numa Fiat Weekend.

No sexto carro, eu e a esposa, numa VW Saveiro.

Um festival de bicicletas amarradas e penduradas..., em comboio...

Ao grupo ainda se juntariam Fábio com a noiva, Kanídia com a filha, vindo mais tarde numa Mitsubishi L200, somando 14 bicicletas.

Partimos para Propriá, atravessamos o Velho Chico pela velha ponte e adentramos em Alagoas, onde buscamos Olho d'Água Grande, São Sebastião, Arapiraca, Igaci, Palmeira dos Índios, até pararmos no pé da Serra das Pias, onde compramos pinhas e mangas, tudo suculento e fresquinho. Partimos mais uma vez, subindo a serra que se estende até Pernambuco, navegando pelos gostosos 850 metros de altitude, até chegarmos em Garanhuns, não sem antes cruzarmos a fronteira com Pernambuco, em busca de Bom Conselho, Terezinha, Brejão, finalmente Garanhuns...

Em Garanhuns, cidade das flores, nos aguardava o amigo de Hsu, Adagmar, que gentilmente nos levou até o Parque Ruber VanDer Linden, onde a Natureza nos rodeia com cantos e cheiros, cores e regatos, onde o Sebastião trancou o carro, esquecendo a chave dentro. Adagmar, um também ciclista, empolgado em nos mostrar sua bela urbe, levou-nos ao Alto do Magano, um mirante com o Cristo Protetor a velar pela bela cidade; levou-nos ainda, todo orgulhoso, ao Castelo de João Capão, um sonhador que desde criança constrói com recursos próprios, um surrealismo nas encostas pobres de uma metrópole.

Dali paramos num posto para alguns abastecerem, quando eu e o Gilton, por este esperar pelo troco, nos perdemos dos outros; fomos resgatados numa bela avenida, pelo frutuoso Adagmar, que sorridente nos guiou até onde todos já estavam, matando a fome que apertava...

Era hora de partirmos e Adagmar me bem lembrou do relógio da cidade, o Relógio das Flores, já marcando 4 e meia da tarde; estávamos atrasados, e o pneu do Marcelo nos atrasou mais um pouco...

Enfim partimos; faltava pouco para chegarmos... Pegamos a estrada e passamos em Jupi, Lajedo, Cachoeirinha, São Caetano, e daí, seguindo por uma rodovia duplicada, já de noite, ficamos confortáveis pela boa sinalização, e mais um pouco chegávamos em Caruaru, Bezerros, e finalmente no Hotel Churrascaria do Jonas (http://telelistas.net/1/26_PE/81035_camocim-sao-felix/213/296/44466/hoteis.htm), um sujeito simpático e sorridente, com a própria família, de sorrisos abertos nos recebendo.

Camocim de São Félix, nossa base de apoio, meio caminho entre nossas duas trilhas: Alto Bonito e Serra Negra, duas histórias distintas, dois dias de muitos suores, de energias, de sorrisos e boas vistas, de um mundo belo e magnífico, onde o Grande Artista conseguiu mesclar todos os elementos num canto só.

Eu vi, quase venci, e me orgulhei...

Camocim, do nosso velho Tupi, significa Vaso com Água; só os ancestrais sabem o porquê..., pois que perdemos esse contato com a tradição, com a relação Homem Terra...

Ali eu descobriria, como descobri no Caminho de Santiago de Compostela, que não importa trilharmos se não estivermos prontos e inteiros para o dia seguinte...

Mandando-me uma lição, meu Anjo que me protege, sempre tem razão...

* * *

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