Bicicleta - pau para toda obra...

Foi a criatividade, quem um dia produziu a bicicleta...

Foi a mesma criatividade, quem a utilizou para tantos fins...

E bicicleta, mesmo parada, continua produzindo...



Bicicleta - pau para toda obra...
(Paulo R. Boblitz - jan/2010)


Há tempos que vinha tentando escrever esta crônica, mas o tempo não me permitia...

Em novembro do ano passado, participando de um encontro sobre Hidroponia, onde muita gente boa e inteligente, estudiosa e pesquisadora, nos apresentou matérias interessantes e construtivas sobre esse meio hídrico, onde vidas são desenvolvidas para o nosso bem, vi o que vou lhes mostrar agora.

Quando o Juca foi lá na frente como Palestrante convidado, não imaginava o contentamento que me aguardava. Na verdade ele falou sobre o que eu já conhecia e havia experimentado, abandonado pela construção dos galpões de frangos...

Sobre o tablado já estavam uns vasos demonstrativos, todos eles com forragem hidropônica, do milho ao feijão, passando pelo trigo e cevada, verdes viçosos de encher qualquer olho que goste do assunto...

Trazia uma formidável solução para o homem humilde do campo, a servir-se de um substrato como a palha da cana, desprezada e queimada, para produzir leite e carne, sustento e cidadania, honra e raiz para o exército que sustenta esse grande Brasil - os Homens do Campo...

Ali ele nos mostrava o que vinha fazendo e estudando, ensinando a muita gente a pescar, não dando o peixe, como o governo teima em mal acostumar, com suas tantas bolsas que escravizam...

Juca nos mostrava um método simples e eficaz, barato e prático, de se alavancar a qualidade de vida na Roça.

A receita?

- 15 dias

- substrato

- sementes

- água

Isso é a revolução que ninguém quer ver, a não ser aqueles de boa vontade, ouvidos abertos às boas novas, mentes com a vontade de crescer...

Juca, José Luiz Guimarães de Souza, Engenheiro Agrônomo, (http://www.ecocana.org/5059/), enquanto apresentava o assunto no telão do Encontro, ia eu sorrindo sozinho comigo mesmo, pois ali à minha frente, estava a magrinha que eu tanto gostava, como se uma espécie de pivô central, inteligentemente utilizada para o trabalho, magnífica produção criativa, construindo e ajudando vidas em desenvolvimento...

Homem..., sempre um sujeito belicoso de raras imaginações...; e por instantes deixei o Juca falando só, deixei de ouvi-lo sobre o teor de proteínas e dos custos envolvidos, apenas observando aquele pivô que nem central se parecia, pois que andava em linha reta... A idéia era formidável...; desliguei-me do assunto e me liguei em outro, minha amiga magrinha, ali na minha frente, incompleta mas digna em seus propósitos, o de ser a melhor amiga do homem, concorrendo com o cão...

Enquanto o Juca palestrava, eu ia verificando os pontos de apoio, as abraçadeiras mantendo os aspersores, a cantoneira como guia, os pneus com cravos das Mountain Bikes..., o conjunto mais inusitado para irrigação, que eu já tinha visto...

A falta de peças como a sela, o guidão, a catraca, os pedais, o central, os freios, nada disso tirava a personalidade dessa máquina de fazer gente feliz; ali também estavam fazendo felicidades...

E lembrei da minha, em casa guardada ainda empoeirada, me esperando para novas trilhas, novos desafios, novas visões desse mundo que Deus nos presenteou..., nos dotando de muita imaginação, como aquela que eu tanto admirava num diaporama, acordando do sonho quando ele foi mudado...

Todo mundo deveria ter uma bicicleta, não necessariamente para pedalar, mas para ver-lhe a arrojada silhueta, o conjunto motor, a simplicidade genial, o disciplinado equilíbrio, o conjunto homem quase máquina, pois de nós mesmos dependemos, para desbravarmos o dia-a-dia, o desconhecido numa trilha estreita onde não existem sinais, nem placas, nem preferenciais, apenas a garra e a vontade do trilhar, vencer as animosidades da paisagem, conquistar os suspiros do que se vê...

Se eu não pudesse pedalar, ainda assim eu teria uma, nem que fosse para empurrá-la, passear com a minha melhor amiga...

Quem pensa que bicicleta é coisa de jovem, deveria pensar em pedalar, escolher caminhos planos, passear devagar olhando o tempo também passeando, o correr das sombras em muitas misturas, o vento a acariciar com cuidado trazendo recados, as pedrinhas no solo em som do fritando, os passarinhos a sorrirem cantando para nós, os novos amigos conquistados se cumprimentando, somente sorrisos deslizando pelo parque, enfim descobrindo o que é fácil e gostoso...

Uma viagem no tempo..., quando voltamos a ser crianças...

* * *

Um comentário:

  1. É isso Boblitz! A imagem da bicicleta transmitiu para você a simplicidade que Deus deseja transmitir há muitos milenios ao homem.
    O homem começou a perseguir um progresso que o escraviza de tal forma que ele abdica da FELICIDADE para sofisticar o seu nível de CONSUMO. Pois é esta a troca que o mundo comteporâneo obriga o homem e a mulher a fazer: FELICIDADE x CONSUMO DESENFREADO.
    Enquanto lia a tua crônica ia percebendo que nos nossos velozes autos não percebemos a beleza do que passa ao redor, perdemos os simples e riquíssimos detalhes em troca do conforto do cockpit e da velocidade do bólido, deixamos de colocar o pé no chão e sentirmos a terra e o odor refrescante do verde que nos cerca.
    Já dizia São Maximiliano Kolb o progresso é espiritual ounão é progresso.
    Vá em frente! Valorize o simples! Valorize a vida! Pois a FELICIDADE do homem reside nas simples e pequenas coisas1

    ResponderExcluir