Quantos já conseguiram ver um Anjo?
Hoje eu consegui...
Por que vocês não a conhecem?
Um Anjo em meu caminho...
(Paulo Boblitz - jul/2009)
O dia havia sido difícil; as contas não se acertavam, e o amor há muito que tinha ido embora...
Mais um dia longo que passava...
Saí sem rumo, sem destino, embora algo me empurrasse para encher a cara...
Passei na porta do primeiro bar, mas alguma coisa me segurou. Lancei-lhe um rápido olhar e segui em frente.
A noite se aproximava, sempre um momento mais veloz do dia, onde a luz se vai com pressa, outras luzes tomam seus lugares. Fazia tempo que eu perdera o brilho...
Os néons já iluminavam, bebidas eram servidas, sorrisos eram ouvidos, a noite enfim se afirmava e promessas mil seriam prometidas...
Estava há muito tempo só, remoendo as minhas mágoas, me afundando cada vez mais na fuga; eu fugia de mim mesmo, como agora sem saber, em que bar parar e beber, a que horas seguir para o meu refúgio, tão sujo e desarrumado como eu ali, sem coragem e determinação...
Busquei nos bolsos e nada encontrei; nada havia para uma bebida, nem tampouco para uma passagem... O jeito seria andar até chegar em casa, cansado me jogar na cama, adormecer em meio às minhas dores...
Mas enquanto eu estive a andar me remoendo, acabei me dirigindo para um lugar que não conhecia; tudo parecia calmo, luzes coloridas, um rio tranqüilo, gente feliz passeando a sorrir, e..., ali na minha frente um Anjo...
Ela se misturava aos brilhos, aos matizes e parecia prateada... Delicada, virou-se e sorriu, o sorriso mais meigo que já vi...
Deslumbrante e bela, cabelos longos, levemente esvoaçantes pela leve brisa que soprava...
Seus lábios eram finos e bem desenhados; sobrancelhas de muita personalidade; seus olhos eram profundos, enigmáticos e sorriam sem a ajuda dos lábios. Seus cabelos louros, sua pele alva, tudo era delicadeza...
Havia um bracelete prateado que combinava com todas as luzes...
Estaquei sem acreditar no que via, e logo me debrucei no parapeito. Não queria ser visto daquele jeito...
Em vez de seguir em frente, voltou-se e se aproximou, debruçou-se também na amurada, olhou firmemente para mim, lançou-me um sorriso carinhoso, e com seus dentes alvos sussurrou:
- Basta apenas você acordar...
E sumiu devagar, sempre a sorrir, alçando vôo no meio da noite, até que os seus reflexos se confundissem com as outras luzes da noite...
Naquela noite andei ligeiro sem parar, envergonhado cheguei em casa e tomei um banho, fiz a barba, a tudo arrumei, varri e guardei.
Com o Sol acordando, sentei na varanda e também despertei...
Um novo banho, roupas limpas, aquele Anjo lindo na mente..., respirei fundo e fui à luta... Na primeira esquina que dobrei, lá estava pendurada uma oferta de emprego; arranquei-a da porta e a vaga ainda hoje é minha...
Agora, toda vez que fico triste, lembro daquele Anjo, daquele sorriso lindo, de quanta sorte eu tive...
* * *
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário