Lindas, sensacionais, fraternas, amorosas...
Eu acho, que da costela de Eva,
surgiu Adão...
Não dominamos...
(Paulo R. Boblitz - mai/2014)
Sofia..!, So-fí!?, Sofiiiiaááá!!!
E por alguns instantes, estivemos mais leves que o ar...
Acordei e vi um céu maravilhoso, azul sorriso, nuvens em novelos...
Doíam-me os braços, as pernas, a bunda, a cabeça, principalmente os brios...
Estatelado, experimentei mexer-me e as juntas doeram juntas...
Cuspi terra, afastei um torrão de grama e percebi minha aventura..., ladeira formidável..., a observava exatamente ao contrário...
Virei de lado, depois fiquei de bruços, mais um pouco de quatro, e tudo parecia bem... Estiquei o pescoço para um lado, depois para o outro, quando vi minha Sofia também escarrapachada sobre uns arbustos. Comecei a rir, porque ela parecia bem pior do que eu...
Levantei devagar, pus as mãos nas ancas e me estirei, como quem se espreguiça... Bati a poeira de mim, dobrei as pernas, baixei-me para pegar os óculos, mais um pouco alcançava minha caramanhola e sorvia um bom gole d'água...
Minha Sofia só observava, aguardando ajuda, vexada na posição, pernas para o ar, galhadas a espetando... Apontei-lhe o dedo em riste, prestes a explodir, mas não consegui...
- Mulher maluca, isso é coisa que se faça?
- Problema seu! Quantas vezes lhe avisei para trocar minhas tamancas? Mão de vaca!
Não respondi. Segurei-a pela traseira com a mão direita, com a esquerda a peguei pelo pescoço. Quando consegui içá-la, raivosa girou o guidão, acertando-me com o bar end; fomos os dois ao chão...
Eu estava cansado, muito cansado para discutir, afinal a emoção havia sido muito forte, e nem estávamos num globo da morte...
Levantei-a com suavidade, e mesmo cheia de poeira, continuava linda...
Um pouco arranhada, eu também um pouquinho aqui, um pouquinho ali, mas sobreviveríamos. Procurei uma sombra e para ela nos dirigimos. Encostei-a com delicadeza e me sentei, tirando o capacete, as luvas, a balaclava e a bandana. Sofia só observava...
Apontei-lhe a ladeira e ela deu de ombros; já estava acostumada...
- Você precisava ficar sem freio justo no meio? - perguntei...
Novamente deu de ombros...
- Qual é!? Queria me matar!?
Soltou uma sonora gargalhada...
Franzi os olhos, pois bem conhecia aqueles ares. Virei para a ladeira, virei para ela e perguntei:
- Não me diga que tudo isso foi ciúme?
Ouvi outra gostosa gargalhada; riu tanto, que caiu de lado...
- Temperamentais, azoadas, todas vocês não giram bem..! - ia resmungando enquanto a erguia... - e continuei:
- Aquilo lá atrás foi só uma voltinha..! Não viu o amigo pedindo para que eu testasse a bicicleta dele?
- E precisava daquela alegria toda? - perguntou-me com desdém...
Sorri para ela, alisei-lhe a sela, e enquanto lhe passava minha bandana a retirar-lhe o pó, pedi perdão por aqueles sorrisos, explicando que sorria porque estava a imaginar o amigo andando naquele troço...
Sofia virou-se para mim, perdoou, mas exigiu:
- Quero minhas tamancas de volta..!
Fiz que sim e comecei a escalada, vez ou outra dando uma espiada, parecendo-me vê-la sorrindo com meu castigo. Encontrei a primeira um pouco acima, examinei-a e não me pareceu assim tão gasta; encontrei a segunda pouco depois da metade da ladeira, onde um risco profundo informava que ali havia sido a freada mais forte. A borracha também estava boa...
Desci, cheguei-me até ela e mostrei as tamancas com mais de meia vida...
- Mão de vaca, né!?
Agarrei-a com força, virei sua traseira com determinação e montei seu freio, apertando-lhe a manete algumas vezes. A cada vez que a apertava, ela parecia lançar-me um beijo. Peguei o óleo da corrente e pinguei um pouco em cada mola; ficou faceira...
Aproveitando que agora o ofendido era eu, avisei-lhe em bom tom:
- Ainda tem muita descida pela frente, e se você me derrubar de novo, juro que lhe jogo no rio...
Soltando leve sorriso, Sofia estremeceu avisando que estava pronta. Montei e saímos feitos as pazes, mas mulheres, quando querem, são indomáveis...
Vez ou outra um solavanco; olhava para trás e não via buraco algum.
Era ela, mangando de mim...
- Sofiiia...
* * *
Sofia..!, So-fí!?, Sofiiiiaááá!!!
E por alguns instantes, estivemos mais leves que o ar...
Acordei e vi um céu maravilhoso, azul sorriso, nuvens em novelos...
Doíam-me os braços, as pernas, a bunda, a cabeça, principalmente os brios...
Estatelado, experimentei mexer-me e as juntas doeram juntas...
Cuspi terra, afastei um torrão de grama e percebi minha aventura..., ladeira formidável..., a observava exatamente ao contrário...
Virei de lado, depois fiquei de bruços, mais um pouco de quatro, e tudo parecia bem... Estiquei o pescoço para um lado, depois para o outro, quando vi minha Sofia também escarrapachada sobre uns arbustos. Comecei a rir, porque ela parecia bem pior do que eu...
Levantei devagar, pus as mãos nas ancas e me estirei, como quem se espreguiça... Bati a poeira de mim, dobrei as pernas, baixei-me para pegar os óculos, mais um pouco alcançava minha caramanhola e sorvia um bom gole d'água...
Minha Sofia só observava, aguardando ajuda, vexada na posição, pernas para o ar, galhadas a espetando... Apontei-lhe o dedo em riste, prestes a explodir, mas não consegui...
- Mulher maluca, isso é coisa que se faça?
- Problema seu! Quantas vezes lhe avisei para trocar minhas tamancas? Mão de vaca!
Não respondi. Segurei-a pela traseira com a mão direita, com a esquerda a peguei pelo pescoço. Quando consegui içá-la, raivosa girou o guidão, acertando-me com o bar end; fomos os dois ao chão...
Eu estava cansado, muito cansado para discutir, afinal a emoção havia sido muito forte, e nem estávamos num globo da morte...
Levantei-a com suavidade, e mesmo cheia de poeira, continuava linda...
Um pouco arranhada, eu também um pouquinho aqui, um pouquinho ali, mas sobreviveríamos. Procurei uma sombra e para ela nos dirigimos. Encostei-a com delicadeza e me sentei, tirando o capacete, as luvas, a balaclava e a bandana. Sofia só observava...
Apontei-lhe a ladeira e ela deu de ombros; já estava acostumada...
- Você precisava ficar sem freio justo no meio? - perguntei...
Novamente deu de ombros...
- Qual é!? Queria me matar!?
Soltou uma sonora gargalhada...
Franzi os olhos, pois bem conhecia aqueles ares. Virei para a ladeira, virei para ela e perguntei:
- Não me diga que tudo isso foi ciúme?
Ouvi outra gostosa gargalhada; riu tanto, que caiu de lado...
- Temperamentais, azoadas, todas vocês não giram bem..! - ia resmungando enquanto a erguia... - e continuei:
- Aquilo lá atrás foi só uma voltinha..! Não viu o amigo pedindo para que eu testasse a bicicleta dele?
- E precisava daquela alegria toda? - perguntou-me com desdém...
Sorri para ela, alisei-lhe a sela, e enquanto lhe passava minha bandana a retirar-lhe o pó, pedi perdão por aqueles sorrisos, explicando que sorria porque estava a imaginar o amigo andando naquele troço...
Sofia virou-se para mim, perdoou, mas exigiu:
- Quero minhas tamancas de volta..!
Fiz que sim e comecei a escalada, vez ou outra dando uma espiada, parecendo-me vê-la sorrindo com meu castigo. Encontrei a primeira um pouco acima, examinei-a e não me pareceu assim tão gasta; encontrei a segunda pouco depois da metade da ladeira, onde um risco profundo informava que ali havia sido a freada mais forte. A borracha também estava boa...
Desci, cheguei-me até ela e mostrei as tamancas com mais de meia vida...
- Mão de vaca, né!?
Agarrei-a com força, virei sua traseira com determinação e montei seu freio, apertando-lhe a manete algumas vezes. A cada vez que a apertava, ela parecia lançar-me um beijo. Peguei o óleo da corrente e pinguei um pouco em cada mola; ficou faceira...
Aproveitando que agora o ofendido era eu, avisei-lhe em bom tom:
- Ainda tem muita descida pela frente, e se você me derrubar de novo, juro que lhe jogo no rio...
Soltando leve sorriso, Sofia estremeceu avisando que estava pronta. Montei e saímos feitos as pazes, mas mulheres, quando querem, são indomáveis...
Vez ou outra um solavanco; olhava para trás e não via buraco algum.
Era ela, mangando de mim...
- Sofiiia...
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