Confraternização do Pedal Suado - 2011

Todo grupo é forte, quando unido...

Todo grupo é alegre, quando reinam apenas as felicidades...

Todo grupo desvanece, quando os interesses prevalecem...


Confraternização do Pedal Suado - 2011
(Paulo R. Boblitz - jan/2011)

Há quem confraternize, fechando o ano; o Pedal Suado comemorou, começando o ano - pedalando...

Saímos dos Arcos da orla, aliás, eles saíram; eu cheguei atrasado, e logo chegavam o Kanidia e o Adelmo. Partimos os três em busca de todos eles, mas o pneu do Adelmo furou; Kanidia ficou ajudando e eu segui em frente. Depois de vários quilômetros, os encontrava aos pés da nova ponte sobre o rio Vaza Barris, nos aguardando.

Todo encontro é gostoso, ainda mais quando estamos desgarrados. Partimos novamente, numa boa subida a vencer a ponte, e lá de cima pude ver Os Zuandeiros no Caldo de Cana. Não resisti e lá voltei para lhes desejar um dia feliz, pois estavam a comemorar os 25 anos de casamento do casal Jonas. Não participei, pois havia combinado antes com o Pedal Suado.

Tomei um Caldo de Cana com limão e segui em frente, e no meio da nova subida da ponte, o Gilton me alcançou, empurrando-me como se eu necessitasse da ajuda. Ele estava mais atrasado ainda...

Uma chuvinha fina nos acompanhava refrescando, e quando engrossou, acabei ficando para trás, parando para guardar tudo na bolsa do guidão. É muito gostoso pedalar na chuva, salvo por aqueles pingos que nos maltratam a vista; pedalar com os pés encharcados, também não é bom. A chuva forte acabou lavando a lama do circuito Costa Verde e Mar, em Santa Catarina, que por sua vez tinha lavado o pó do Caminho da Fé.

A chuva apertou por longo tempo, e acabei criando uma brincadeira: fiz uma funda na capa da bolsa do guidão, e logo ela encheu. A brincadeira era não deixar escapar a bolha que se havia formado, coisa difícil, pois nas subidas e descidas, a Gravidade se faz presente. O vento também ajudava, na fuga da pequenina lagoa, uma bolha que trepidava, não parava de se mexer...

Fazia tempo que pedalava sozinho, e vendo um Pedreiro a trabalhar, parei e perguntei se por ali haviam passado muitas bicicletas. Ele, respondendo ao meu Bom Dia, informou:

- Sim, uns quatro...

Em minha cabeça, a informação não bateu..., e pensei com meus botões: "como assim, apenas 4? Teria tomado o caminho errado..?"

- Uns quatro-centos... - sorrindo me pegou no trocadilho, aliviando minha tensão.

- Mais meio quilômetro, você já encontra a praia da Caueira... - terminou a informação.

Nos despedimos mais felizes do que estávamos, e segui em frente alcançando a todos eles, que suaram debaixo de chuva, porque chuva nenhuma é salgada. Todos já iniciavam o pedal de volta, e não deu para descansar nem tomar alguma coisa. Na mesma pisada, nem desci da bicicleta, fiz a meia volta e os acompanhei, mas alguns retardatários os obrigaram a parar. Aproveitei e segui em frente, afinal, já estava pedalando só, há muito tempo, mas Hsu me alcançou e pedalamos juntos até quase chegarmos à ponte novamente, quando numa subida, aquela máquina de pedalar desapareceu, Campeão Sergipano 2010 na classe dele, quarentão...

No meio da subida da ponte, lá me aparece ele no horizonte, retornando... Treinava, mas vinha me buscar - e me avisou:

- Olha a turma já chegando...

Enquanto ele continuava para buscar a todos, eu seguia deixando a bici me levar, afinal já estava da metade para lá, descida média, ventinho gostoso a refrescar, uma gota de sal a escorrer, animada com outra gotinha de chuva doce. Diminuí o ritmo, baixei para 16 km por hora, 14, 12, enfim 10, para chegarmos todos juntos.

Minha esposa e minha filha já haviam me buzinado na rodovia fazia tempo, e eu as procurava em algum acostamento; esperavam-me na entrada para Areia Branca, onde o Ricardo Hsu e a Lu têm a chácara, um cantinho gostoso de se morar, verdes claros, verdes escuros, carpas a nadarem, iguana a passear, macaquinhos curiosos na eterna arte de bagunçar, peru, ganso a sinalizar, acho que também patos e galinhas, cada um com sua linguagem a nos saudar.

Enfim chegávamos completando os 62,52 km, depois de 3 horas, 42 minutos, 43 segundos, 77 centésimos... Um cajueiro nos brindava com seus frutos arredondados e carnudos, doces como só o Nordeste consegue produzir. Um mamoeiro que muito bem produzia, biruta ou simplesmente genial, nos oferecia mamões bem baixo e bem acima. A grama verde e molhada nos convidava a ali mesmo nos deitarmos. As flores nos lançavam todas as cores, nos mostravam como a Natureza é bela.

Mas o homem da comida estava atrasado... A fome, braba...

Nos ocupamos em guardar as bicicletas, cada um a seu próprio modo, cada um com cada mania, ponta-cabeça, enfileiradas, encostadas conversando, solitárias, ou simplesmente largadas, claro, com delicadeza...



E quando o homem da comida chegou, já estávamos devidamente ocupados:



Araujo, um grande líder, ali esfriando as pernas, um sereio - era o que a Lu informava...








Dinha, a tomar banho frio, depois de fria, que Lu não deixava fugir...






Kanidia, que há tempos não pedalava, parecia sorrir das próprias dores...





Fábio Linhares, enamorado, não fazia muito tempo, havia cruzado por mim em sua bicicleta parecida como de bambu, também solitário, mas em sentido contrário - estava indo entregar uma encomenda...




Juca de branco, Guiné de preto e amarelo, Sebastião de bermuda azul, Fábio de chapéu ao contrário, curtiam, descalços, o descanso bom quando se pára...




Orgulhoso estava o Hsu, anfitrião a todos nós bem receber, a me presentear com duas mudas de Pau Brasil. Tentei lhe dar o Nim Indiano, mas ele me mostrou o mais lindo Nim que já vi, enorme e frondoso, copa larga a produzir boa sombra...

Beto, ao seu lado direito, o sujeito que bem regula bicicletas, mesmo dormindo. Foi com ele que brinquei, construindo a crônica "Invenções..."





Marcelo e Gilton, perdão por não retratá-los bem, mas a chuva atrapalhou, e a cerveja embaralhou...





A todos os outros que não citei os nomes, afinal os conheço de pouco, minhas desculpas, pois foram os responsáveis por um lindo passeio, por uma bonita confraternização, onde o que não faltou foram sorrisos e palavras boas.

Amizades, companheirismos, solidariedade, eis o que importa ao longo de um ano que se inicia, cheio de expectativas de boas trilhas, bons treinamentos, muitos suores pelas ladeiras que um dia se altearam, apenas para isso mesmo - nós as vencermos..., como venceram os marimbondos, quando os passarinhos não quiseram fazer seus ninhos...

Pedais, sempre dois, como pares que se auxiliam...

* * *

Um comentário:

  1. José Adagmar M. de Andrade.18 de janeiro de 2011 às 16:51

    Senhor Bob, passei uma semana maravilhosa em Aracaju, conheci a chácara, realmente muito linda, sei da dedicação do Hsu para mantê-la desta forma.
    Sinto muito não esta aí, para curtir um bom pedal com vocês e Participar desta confraternização que sei foi excelente. Tudo de bom e boas pedaladas para todos.
    Adagmar (Colinas Bike) Garanhuns-PE.

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