Quanto mais se vive,
mais se aprende lições...
E nas lições acabamos descobrindo,
os valores que ainda não temos...
A Trilha que não fiz...
(Paulo R. Boblitz - abr/2010)
Vivemos como trilhamos, caindo, levantando, competindo, enfim, subindo e descendo pelas dificuldades e facilidades que vamos encontrando pela frente, a cada dia que amanhece.
Ambas são reais, vida e trilha; ambas têm seus vales, seus córregos dourados, suas sombras refrescantes...
Não pude fazer a trilha com que tanto esperava; meu amigo me tirou a cabeça, o ânimo e a determinação.
Pombinho, aquele meu cavalo maluco, foi covardemente atropelado; hoje, no dia da trilha, amanheceu morto. Lutamos, eu, meu filho e todos os empregados amigos, Pombinho principalmente, mas a trilha foi muito mais pesada e venceu.
Foram quinze dias de sofrimento para o pobre animal, machucado principalmente por dentro, subindo, descendo, nos emocionando, até que finalmente caiu, nos dando sinal de que estava abandonando a luta.
O reerguemos, 500 kg reduzidos à metade, lhe dissemos palavras de coragem, e ele reagiu, talvez para que a última imagem dele ainda fosse de pé, valente como sempre foi, trabalhador e responsável, obediente e disciplinado.
Emocionado deixei o Pombinho ontem à noite, amparado num jirau feito às pressas, para que ele pudesse manter-se de pé; amanheceu fora dele, arranjou forças e saltou dos troncos, pois quis morrer deitado.
Talvez se Pombinho soubesse rezar, suas preces teriam se juntado às minhas; me pergunto por que Deus deixou que ele sofresse por tanto tempo. Agora também me pergunto, por onde andará o verdadeiro animal que fez isso tudo...
A trilha que vivemos, hoje me produziu cansaço, amargor na alma, numa vida que trilhamos, às vezes sem sentido, pois que inocentes sofrem, e culpados se regozijam...
Amanhã saberei como foi a trilha d'Os Zuandeiros, quem caiu, quem foi o Carniça...; hoje vou cuidar para que o Pombinho não se transforme numa, enterrando-o condignamente, entregando-o nas mãos de Deus, se é que Ele se interessa por eles...
Sobre a trilha, parece que algo já me dizia que eu não a percorreria, pois escrevi antecipado sobre ela, coisas subliminares interessantes que não me interessam, pois meu mundo é real, e das coisas escondidas!?, cuida o Diabo, como tão bem deve ter cuidado esse tempo todo, para derrotar a mim e ao Pombinho.
Aprendi também nessa trilha em que vivemos, que não adianta nenhuma revolta, embora dela não consigamos escapar, pois o futuro sempre ameniza o passado, faz esquecer das brasas que queimaram, tornando em vão, qualquer sentimento ruim. Por um longo tempo, sempre que olhar o pasto, verei Pombinho pastando...
Cuidemos das coisas vivas, das coisas reais; deixemos Pombinho em paz, num outro pasto que não sabemos, que não conhecemos, pois que as trilhas continuam...
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