Meu Filho casa, e minha Esposa enlouquece...

Os filhos são apenas criados; um dia criarão também os seus...

Pai, é somente Deus, para Quem um dia voltaremos...

A todos vocês, a minha felicidade.



Meu Filho casa, e minha Esposa enlouquece...
(Paulo Boblitz - 22/ago/2009)


Fazia pouco tempo que chegara em casa, onde não encontrara ninguém... Esposa e filhas no salão, filho casamenteiro resolvendo alguma coisa, e o outro filho ainda trabalhando.

Mais um pouco e escuto o ronco possante de uma Suzuki Hayabusa 1300 cilindradas, branca, linda a despertar paixões.

- Filho!?, cadê o carro? - perguntei, pois àquela hora, faltavam apenas duas horas para o casório.

- Vou de moto para a Igreja, e minha mãe vai na garupa...

- E ela sabe disso? - perguntei novamente.

- Sabe...; só você que não sabia, pois era uma surpresa...

Essa eu gostaria de ver..., minha esposa de vestido longo, na garupa de um avião...; balancei a cabeça em negação enquanto pensava que todo mundo havia ficado biruta...; uma mulher de 56 anos, minha princesa, na garupa de um bólide...

Nos arrumamos e de repente chegaram as três mulheres de minha vida; vinham do salão..., lindas..., embora eu goste mais quando estão naturais. Ajudei no fecho ecler da esposa, e mais um pouco a apoiava para subir naquela sela. Deixei os dois e fui para a igreja, distante apenas uns cem metros de casa.

Um ronco suave e calmo começou a chegar junto com o vento, enfim dobrou a esquina e junto com ele vinham meu filho, impecavelmente bonito e alegre, e a mãe dele minha querida, sentada de lado a abraçá-lo, uma Lady em seus encantos. Dei-lhe a mão para desmontar, enquanto a observava linda como quando a conheci, como quando um dia a vi chegar junto com o pai, para me ser entregue ao pé do altar, assim como ela agora faria, entregando nosso filho para uma outra vida, para mais vidas nos trazerem...

A noiva chegou mas continuou escondida; os preparativos se iniciaram com o Cerimonialista organizando os padrinhos; era chegada a hora da verdade.

- Rapaz..!, você tem certeza..? - brincou um padrinho com o noivo.

Abracei meu filho, dei-lhe um beijo e minha bênção; ele marejou em lágrimas, emocionado...

O entreguei à mãe, que o conduziria, e saíram os dois, dando-me as costas; há 35 anos, eu fazia a mesma coisa... Mais um pouco, eu entrava com a mãe da noiva.

Dois trompetistas deram início à marcha nupcial, e mais um pouco entravam um violino e um piano, orientando os passos da noiva, minha nova filha, linda e emocionada, a conquistar mais um sonho realidade... Em brilhos, misturavam-se a sua alegria e as pedras, pelos cabelos e vestido alvo; trazia um formoso buquê de rosas, rubras contrastando com um longo rosário de pérolas, que findava com nosso querido Jesus na Cruz.

Naquela cerimônia, nosso filho desposava a mulher que ama, ao mesmo tempo em que recebia Jesus, em sua Primeira Comunhão; poucos dias atrás, tinha sido a vez da noiva, ao ser batizada.

- Mulher..? Vamos casar de novo..? - perguntei à esposa, e ela me devolveu o mais gostoso sorriso.

Ali no altar, nossos filhos se prometiam na dor e na alegria, até que a morte os separassem, como um dia também fizemos...

Ao término, o Padre enquanto agradecia, virou-se para mim e informou que compraria uma bicicleta, para comigo também poder pedalar; queira Deus que seja ele a também casar meus outros filhos, a batizar nossos segundos filhos que chamam netos.

Comprei um bom vinho e comemorei...

* * *

Um comentário:

  1. Esta foi bonita e suave como um fim de tarde.
    Escreva sempre coisas assim.
    Um abraço da
    Cida Fraga

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