Passeios solitários...

Quando você depende de si próprio,

quando você dispõe apenas de você,

o prêmio alcançado é mais gostoso...

Você é grande e valente...



Passeios solitários...
(Paulo R. Boblitz - 20/abr/2012)

Levantar da cama já é um perigo, se considerarmos o azar como causa de nossos males.

O azar faz parte da vida, assim como a sorte, assim também como qualquer coisa que você considere importante, e leve em consideração.

Antes de tudo, o preparo, a boa condição, a responsabilidade no respeitar dos limites, a humildade em reconhecer o próprio tamanho, a pequenez que lhe torna transparente. Andar de bicicleta requer tudo isso, e bacana é o bacana poder contar com a proteção que a covardia lhe requer, no apoio do carro de apoio, no apoio que o grupo lhe dispensa.

A começar, grupo é todo aquele que se ajuda, como ontem quando estourei minha corrente quando subia uma ladeira, e Araujo fez questão de me empurrar, atrás o grupo inteiro acompanhando, o pedal abortado por uma conseqüência, força aplicada no aço, para vencer a Gravidade...

Mais uma lição que foi aprendida - fiquei sem motor, embora minhas pernas tivessem toda a gasolina necessária...

Bacana seria o bacana guardar sua bicicleta num reboque, e visitar o banco de algum carro de apoio, que tem água gelada, frutinhas variadas, gueitorêides para dar forcinhas, e claro, fornecer segurança para o psicológico do ciclista que pensa que é ciclista - é como andar de bicicleta, ou velocípede, sob o olhar atencioso da mamãe...

Domingo passado, o filho mais velho se preocupou por não ver chegar o pai; para esse próximo domingo, o filho mais novo já perguntou se pode ir junto, mas fez careta quando soube da possível quilometragem, bem como quando soube da pretendida altimetria a ser vencida.

Andar sozinho requer muitas coisas, a primeira delas a valentia, a segunda a determinação, e da terceira em diante, o preparo, a experiência, a confiança principalmente em Deus. Não pedalo sem rumo, embora gostaria que assim pudesse ser; pedalo consciente de tudo o que possa acontecer, sem horários, sem pseudo lideranças, sem formalidades, sem egos me importunando, completamente livre e senhor de meus próprios pedais, meus próprios erros, minhas vontades, minhas conseqüências...

Estou pedalando sozinho, e quem quiser me acompanhar, será bem-vindo, mas sem muita conversa, sem nenhuma imposição... Se você não consegue, não se meta a me acompanhar, seja meu filho mais velho, ou meu filho mais novo, ou quem quer que seja...

Carrinho de apoio é carta marcada, onde você tem a certeza de não perder. Solitário, você testa tudo em você, do racionamento da água, às energias necessárias ao retorno completo, sem babás por perto a lhe socorrerem...

Estourei uma corrente, uma boa corrente de aço que nem enferruja, por certo porque a força foi demasiada, talvez a mesma força interior que não me deixa dobrar, e me faz seguir sozinho pelos caminhos dos homens.

E você que se acha líder, que se acha bom, experimente, nem que seja por uma única vez, andar sem apoio, sem as muletas necessárias, quem sabe em volta do próprio quarteirão...

Quando você fizer isso, o respeitarei...

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