Enquanto ia hoje para o trabalho, pensava sobre nossas perdas e ganhos...
Quando começo a pensar, sigo devagar pela direita, deixando enfim a via esquerda para os sempre apressados...
E pensar na minha cabeça, tem o mesmo significado que escrever, e enquanto não seguro numa pena, vou afugentando as idéias, para não gastar a inspiração...
E lembrei que já havia pensado nisso antes; bastava procurar e achar...
Perdas e ganhos
(Paulo Boblitz – jun/2007)
Outro dia eu estava a escrever para uma rede de supermercados, para que ela parasse de me importunar com ofertas, só porque um dia resolveu me cobrar umas merrecas de juros e multa.
Um amigo, encontrando-se comigo, brincou:
- Essa, você perdeu...
Ele não havia entendido nada...
Só perdemos quando essa palavra faz parte do nosso vocabulário. Embora eu a conheça, não me utilizo dela, mesmo que às vezes ela me ocorra.
Primeiro, porque dinheiro é de papel, portanto pega fogo e se rasga...; depois o ganhamos de novo.
Segundo, porque perda é uma palavra como outra qualquer, e está mais para estado de espírito, do que para o bolso.
Perdi sim, meu pai, minha doce mãe e dois irmãos... Essas são as verdadeiras perdas, pois vão-se pedaços de nós...
Quando viajamos para uma outra cidade, costumamos encontrar subidas e descidas, curvas e várias retas também.
Na estrada, não encaramos nenhuma subida como perda, nem tampouco como obstáculo. Mesmo que viajemos de avião, ele necessitará alçar vôo, para depois pousar.
Quando viajamos, principalmente a passeio, não estamos ganhando ou perdendo – estamos simplesmente nos divertindo... Quem ganha é a nossa família, e ganhamos mais amores.
Nos acostumamos e até gostamos das dualidades: o bem e o mal, o dia e a noite, o quente e o frio, o mais e o menos, o ascendente e o descendente, e tantas contradições que se opõem.
Os antagônicos parecem se atrair... Não é assim com os ímãs? Não é assim com tudo que se contrapõe?, que se anula?
Só não é assim com a gente..., pois só nos ligamos aos semelhantes.
A dualidade mais famosa, não é a dos sexos?
Alguém duvida que não seja gostoso? Alguém acha que se anulam?
Alguém ainda pensa que o outro sexo anda perdendo? Mulheres!, vocês vivem ganhando...
Macho que é macho, tem metade feminina; fêmea que é fêmea, tem metade masculina. Somos metades da vida, que se unem para formar outra vida, também meio a meio – a única divisão que contradiz a matemática.
Perdas e ganhos é invenção do humano, pois no Universo tudo vive interagindo, se transformando, sem a preocupação da perda ou do ganho, ou de quem domina...
Não é nos doando, que conquistamos o amor?
Não é o amor, o maior divisor?
Não é dividindo, que todos ganhamos?
Afinal, ficará para quem, aquilo que pela vida tanto brigamos?
* * *
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